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Louve a Deus, por amor ao próximo | Por Andrew McAlister

Talvez o seu domingo seja um dia daqueles: perdeu a hora, teve uma péssima semana, acabou o café em casa (tem tragédia maior?). A última coisa que você quer fazer é cantar, ainda mais no meio de um monte de gente. Porém, como bom membro de igreja que você é, o culto de domingo é sagrado e você não vai faltar. Mas pelo menos você não é obrigado a cantar, certo? Afinal, no meio de tanta gente, qual diferença vai fazer se eu ficar na minha, aqui quietinho, só orando e contemplando a Deus, não?

Então… não.

Há uma série de razões pelas quais devemos nos disciplinar a louvar a Deus em qualquer circunstância, especialmente quando não sentimos a mínima vontade de fazê-lo. Hoje, porém, quero focar em uma que talvez passe despercebida para muitos. Devemos louvar a Deus pois temos uma responsabilidade com o nosso próximo.

Mas… o louvor não sou eu e Deus? O que o próximo tem a ver com isso?

Partamos do pressuposto de que a partir do momento em que entra numa igreja, você já está deixando de lado a sua devoção individual a Deus. Quando nos reunimos como povo, entre outras coisas, nos unimos e nos submetemos ao Corpo de Cristo, à Igreja, como um coletivo e não mais individualmente. E isso inclui o louvor.

Mas o que o meu louvor a Deus tem a ver com o próximo?

Numa era em que somos condicionados à individualidade desde cedo, a buscar a nossa própria vontade acima de qualquer coisa, existe uma disciplina fundamental de assumir a responsabilidade de amar ao próximo. É claro que qualquer “boa pessoa” dirá que temos que amar o próximo como a si mesmo, mas o fazem (ou apenas o dizem) para manter uma consciência limpa e uma boa imagem de si mesma. Mas isso é uma outra conversa…

Quando nos reunimos como Igreja para louvar, o fazemos como um Corpo, uma família onde cada membro tem uma função divinamente ordenada (1 Co 12). Os dons e ofícios são diferentes, mas todos fazem parte do mesmo Corpo, de um só Espírito. E nisso, importa que cultivemos uma noção que vai além de apenas “fazer o meu”. Não que devemos policiar uns aos outros a todo e qualquer momento, mas precisamos entender que o que cada um faz influencia o próximo. E creio que isso pode ser especialmente praticado no momento do louvor congregacional.

Por exemplo, ensinamos as crianças da igreja desde cedo a lerem a Bíblia, a orar, contamos as histórias de Israel e compartilhamos os ensinamentos da Palavra. Mas quando é que elas aprendem a louvar? Em que aula elas aprendem a correta postura e conduta num culto público? A rigor, não é necessário fazê-lo se elas participam do culto regularmente, pois lá elas verão como “gente grande faz”, e logo aprenderão. Sim, é muito bonitinho ver uma criança de mãos levantadas, mesmo quando ela não tem total noção do que está fazendo. Porém, se ela ver como a congregação louva desde cedo, ela entenderá melhor o conceito de louvor… contanto que os adultos estejam, de fato, louvando.

Numa outra hipótese, pode ser que um irmão chegue à igreja duvidando da sua fé ou desaminado por qualquer razão que seja e ele decide “ficar na dele”. Pode ser quer, como já aconteceu comigo, a sua atitude mude ao ver alguém ao seu lado cantando a plenos pulmões. Ou talvez podemos simplesmente avistar um irmão que está cabisbaixo e, gentilmente, ir até ele com uma palavra de consolo, um abraço e incentivá-lo a louvar e renovar sua esperança em Deus. No meu caso, quando vi um irmão cantando vigorosamente, aquilo serviu de encorajamento, de testemunho para mim. Da mesma maneira em que ouvimos o testemunho de alguém que passou por dificuldades e experimentou da fidelidade de Deus, ao adentrarmos o templo e nos depararmos com o Corpo, o vigor da união de vozes da congregação cantando e louvando serve de encorajamento para a nossa fé, que é reanimada ao sermos lembrados das Boas Novas.

Infelizmente, vivemos dias em que o culto a Deus não enfatiza a coletividade, muito menos a responsabilidade com o próximo. Em várias igrejas, as luzes são apagadas e mal conseguimos ver quem mais está presente. A música toca num volume mais alto que a congregação canta e não ouvimos nenhuma outra voz além da nossa (e de quem está com o microfone). Mas se cultivarmos a disciplina de louvar e cantar vigorosamente tendo em mente irmãos ao nosso lado, quem sabe não podemos fortalecer e encorajar alguém esteja tendo um dia ruim, mas que necessita ser lembrado das Boas Novas de Cristo e seu amor pela sua Igreja.

Então, da próxima vez que você for para a igreja, não louve à meia voz pensando somente em si mesmo. Por amor a Deus e amor ao próximo, louve em alto e bom som!

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