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Espiritualidade Intelectual? | Por Walter McAlister

Romanos 12.1-2 diz:

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Para muitos, inclusive pentecostais, a mente parece ter pouco a ver com a nossa espiritualidade. Somos um povo do coração. Achamos que o importante é sentir Deus, ou pelo menos sentir as coisas certas a respeito de Deus. Isso se reflete na maneira com a qual muitos cultuam a Deus. Se a música for comovente e emocionante (no bom sentido, é claro), então houve um “enlevo”, isto é, um encontro com Deus. Se nos sentirmos bem, ou como alguns chegam a falar, se estivermos “de bem com a vida”, então concluem que a vontade de Deus está sendo alcançada em nossas vidas. Quão surpreendente é, portanto, ler o quanto Paulo enfatiza o modo de pensar na jornada de fé. Ele chega a dizer que se não pensarmos direito nem poderemos constatar se a vontade de Deus está sendo de fato realizada em nossas vidas. A própria queda do homem foi sentida primeiro pela deturpação no seu modo de pensar.

No primeiro capítulo da sua carta aos Romanos, Paulo afirma que, pelo fato dos homens terem rejeitado a Deus, “os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se” (Rm 1.21). O inverso é igualmente afirmado em 2 Timóteo 2.15: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja
corretamente a palavra da verdade.”

O manuseio correto da Bíblia não diz respeito à nossa emoção, e sim ao exercício das nossas faculdades mentais. O obreiro aprovado, aquele que prova e comprova qual seja a vontade de Deus, é alguém que pensa corretamente sobre as Escrituras, sobre Deus, sobre sua vida etc. Pode parecer até estranho dizer isso, mas pensar direito não é algo que fazemos naturalmente. Temos que disciplinar a nossa mente, assim como a criança com talento para tocar piano não o fará sem que se submeta à disciplina de aulas e muito estudo. Ler, por exemplo, não é uma atividade natural. É um hábito, uma disciplina adquirida com esforço. Entender o texto escrito não é fácil. Já assistir televisão é. Até cachorros fazem isso. Mas ler e compreender um texto é algo que exige esforço. Mais ainda, estudar é um grau de leitura ainda mais alto e que exige sacrifício.

Mas não é justamente isso que Paulo nos conclama a fazer? Devemos nos apresentar como sacrifícios vivos. Esse é o nosso culto racional, o culto que faz sentido. Todos devem estudar as Escrituras? Sem dúvida alguma! Todos devem aprender a ler e todos devem aprender a pensar de modo cristão. Só assim poderemos realmente ser pessoas espirituais.

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