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Aluno bom é aluno… | Por Gabriel Carvalho

Na década de 80 surgiu uma figura controversa, porém emblemática em nossa sociedade: Sivuca. Dentre seus polêmicos discursos, um que ficou conhecido foi a frase: “Bandido bom é bandido morto”. Deixando de lado o juízo de valor político sobre a frase, podemos entender que a ideia dele era que o cenário ideal para um bandido era aquele em que ele não existia. Ou seja, um “bom bandido” seria aquele que não está mais entre nós. A ausência de bandidos é o ideal.

Certo de que as analogias sempre são sempre incompletas e limitadas, adianto que não desejo comparar os alunos com bandidos (se bem que em alguns momentos eles são bem transgressores…), mas, partindo da famosa frase, quero refletir com você no fato de que um aluno bom é um aluno “morto”. Mas “morto” de que forma?

Um aluno “morto” é um pecador. Essa é uma realidade por vezes esquecida em nossas classes. Certamente a graça do Senhor alcançou a maioria de seus alunos, porém eles precisam, a partir de então, passar a adquirir uma mente voltada para as coisas de Cristo. A Grande Comissão envolve ir, pregar o Evangelho, batizar e ensinar. Um pecador regenerado precisa começar a ser “vivificado”, ter os seus olhos abertos, para as grandes e maravilhosas doutrinas bíblicas. Ver sua turma como um grande grupo de pecadores querendo agradar a Deus (dos quais você, professor, é o principal) é um grande começo para entender o Senhor e Sua Palavra.

Um aluno “morto” é aquele que sabe que precisa aprender. Não há experiência tão espinhosa quanto lecionar para pessoas que acham que sabem tudo sobre o tema. A era da internet piorou essa situação, pois a leitura de meia dúzia de artigos breves sobre algo faz com que o aluno se considere bem “vivo” sobre o assunto, desejando desafiar, corrigir e até mesmo constranger o professor em sala. Alunos que reconhecem sua limitação e atentam para os ensinamentos de classe são aqueles que chegam mais longe e têm um futuro mais promissor no Reino.

A humildade do aluno “morto”, muitas vezes, é produzida por meio do ensino e do exemplo do próprio mestre. Não há como exigirmos que os alunos sejam ensináveis, se nós não somos. Uma posição intransigente, ou de “sabe-tudo” por parte do professor é sempre prejudicial – alguns alunos podem se retrair e não interagir mais, outros podem se zangar e passar a desafiar o professor mais e mais, outros ainda podem se decepcionar com sua conduta pouco alinhada às Escrituras. Seja humilde em classe, os alunos reconhecem e admiram essa virtude em seus mestres.

O professor cristão precisa estar atento aos seus alunos. Certamente isso é um princípio pedagógico, didático, mas, antes de tudo, é um princípio cristão. Não se esqueça de que, antes da relação professor-aluno, vocês possuem uma relação de irmãos em Cristo. Dessa forma, a experiência relacional não pode se resumir ao momento da sala de aula. O discipulado precisa ir além, edificando e agregando na vida daqueles a quem você ensina. Essa é uma dinâmica que não podemos perder de vista. Somos todos peregrinos nessa terra, caminhando juntos rumo à eternidade.

Deus prefere trabalhar com gente “morta”. Ele salva aqueles que já estão “mortos”. Nosso papel é cumprir o mandamento, e ensinarmos essa gente a desejar e amar mais o Senhor e a Sua Palavra, a fim de que, mais do que bons alunos, possamos formar gente comprometida com o Evangelho, e que agrada o Senhor em todos os seus caminhos. Nossa grande recompensa será ver, lá na Eternidade, todos os “mortos” que ensinamos, juntamente conosco, agora lado a lado, todos aprendendo como o nosso Mestre maior, nosso Deus! Que o Senhor o abençoe!

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