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PENSEI EM FAZER UM VÍDEO, MAS PREFERI ESCREVER… | Por Marcelo Maia

Esta semana ao me preparar para escrever meu material para o blog, senti-me como Judas, o autor da pequenina carta que antecede o Apocalipse. Ele escreveu:

Amados, embora estivesse muito ansioso para escrever a vocês acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever insistindo que batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos.” Judas 3.

Ou seja, ele tinha uma ideia na cabeça e o Espírito Santo mudou tudo.

Eu tinha uma ideia na cabeça e um livro (ah, os livros!) mudou tudo.

O título do dito cujo é “LIT, Um Guia Cristão para Leitura de Livros”, da Editora Concílio, escrito por Tony Reinke. Tony trabalha como escritor sênior no ministério Desiring God, fundado por John Piper. Não é pouca coisa!

Ainda estou degustando o livro que propõe ajudar na leitura de outros livros. Por isso, vou me restringir àquele capítulo que mais me chamou a atenção até o momento. O título é bem provocador: Ler é crer.

A proposta de Tony nesta porção é encorajar a leitura em um mundo saturado de imagens, bem como demonstrar que palavras são mais adequadas para comunicar o significado preciso da realidade.

Como uma testemunha de peso, o autor convoca o historiador da Igreja Carl Trueman:

Paralelamente à ascensão da cultura visual guiada pela televisão, está o colapso da confiança na linguagem”.

De fato, tudo o que muitos parecem desejar é um vídeo de 30 segundos que mostre a solução dos seus problemas. Muitos não têm a paciência de ler um pequeno texto em um blog (não é seu caso, eu sei), quanto mais livros inteiros.

No entanto, Tony faz uma ressalva importante:

Mas a tensão não é simplesmente entre o valor das palavras e o valor das imagens. Tanto a linguagem como a imagem visual são valiosas. A preocupação é o quanto os cristãos (como nós) serão suficientemente pacientes para encontrar o significado incorporado nas palavras, ou se vamos nos contentar com os prazeres superficiais oferecidos a nos pelas rápidas mudanças de imagem da nossa cultura.”

Há um propósito divino em comunicar-se conosco por meio de um livro. E a tensão entre imagem e palavra é uma batalha pelos nossos corações.

Mas, uma imagem não vale mais que mil palavras? É aqui que o capítulo se torna magistral. Tony nos lembra que ambas – imagens e palavras – comunicam significados. Estas explicam aquelas e aquelas ilustram estas.

O autor, então, elenca quatro pontos a partir dos quais advoga que a linguagem é mais adequada pra comunicar um significado preciso. Vou apenas resumir estes pontos, a fim de que você se sinta suficientemente desejoso de ler os argumentos completos.

  1. A linguagem captura melhor o significado das realidades visíveis.

Podemos entender esse ponto a partir de um exemplo dado pelo próprio autor. Imagine uma foto de um homem chorando em meio aos escombros de um terremoto. Esta é a imagem. Porém, a imagem não responde adequadamente o porquê ele estava chorando. Seria pela perda de seu lar ou familiares? Seria por algum ferimento em seu corpo? Seria um choro de alegria por receber notícias de que seus familiares estão vivos?

Precisamos de palavras para compreender a imagem. Citando Os Guiness, Tony arremata o raciocínio:

O mundo da visão , o mundo dos olhos, não pode nos levar além do que é mostrado. Porque a visão pode apenas chegar até um certo ponto, mas são necessárias palavras e pensamentos para nos dar o real significado e verdade por trás daquilo que vemos.”

  1. A linguagem comunica melhor as realidades invisíveis.

Podemos aprender sobre Deus a partir das suas obras na criação. No entanto, tal conhecimento é limitado; precisamos, mais uma vez, da revelação especial por meio de palavras. Tony faz uma reflexão muito perspicaz sobre a tentativa católico-romana de ensinar verdades espirituais por meio de imagens. Diz ele:

Tendo recusado a ensinar a Bíblia na linguagem comum do povo, voltaram-se para as imagens, insistindo que ‘as imagens são os livros dos que não sabem ler’.”

Porém, os reformadores viam nisso uma insensatez. Por mais que fossem belas, aquelas imagens não eram capazes de ensinar verdades eternas e apenas perpetuavam a ignorância.

Assim, a Reforma pode ser encarada como um reavivamento da palavra (e da Palavra).

  1. A linguagem informa melhor acerca de nossa esperança eterna.

A fé requer linguagem, diz o autor. Para recebermos as promessas de Deus e crescermos na fé, imagens não serão suficientes.

  1. A linguagem torna a cosmovisão possível.

Este tópico inicia-se com a seguinte afirmação:

Uma imagem pode valer mais que mil palavras, mas pode fazer pouco mais do que capturar a aparência de um evento isolado. Mil imagens emendadas em conjunto podem revelar um horizonte panorâmico, mas não pode captar uma cosmovisão.”

Na mosca! Somente com o uso da linguagem podemos expressar ideias abstratas e comunicarmos uma visão de mundo coesa.

Acho que podemos parar por aqui. Ficam as reflexões e a dica de leitura. Mas, por que mesmo isso é importante para o cristão?

Tony nos dá a seguinte resposta:

Como um povo centrado na palavra, precisamos aprender a prezar a linguagem em um mundo dominado pelo que é visual. Se nossos corações priorizarem as imagens sobre a linguagem, nossa fome por livros sofrerá erosão.”

Eu completaria dizendo que nossa fome pela Palavra (O Livro) sofrerá erosão.

Então, meu caro leitor, deixe a Netflix e o YouTube um pouco de lado e vamos ler!

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