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O destino eterno de bebês que morrem

Estou no ministério faz 31 anos. Neste tempo, já enfrentei muitas situações para as quais o seminário nunca me preparou. Jamais me canso de ficar espantado com a capacidade que pessoas têm para complicar as suas vidas. O ser humano realmente é muito complicado e, se for possível, acaba estragando boa parte da sua vida, com uma facilidade estarrecedora.

Em todas as situações o Pastor não tem saída senão falar a verdade dura. Pois não há como atenuar a verdade em prol de uma resposta mais “humana”. “Tenha dó”, alguns dizem, num apelo para não trazer à baila as claras declarações das Escrituras. Já ouvi inúmeras vezes respostas como as dos discípulos após Jesus falar de casamento e divórcio: “Então melhor seria nem casar!” (Mt 19.10). A luz da Bíblia não é um abajur suave que cria um ambiente, mas um farol que ilumina, revela, denuncia. A Bíblia é uma espada, não um abanador. Fazer o quê? A verdade tem que ser dita e crida.

Mas há situações que já enfrentei em que não há uma resposta clara e evidente nas Escrituras. Uma delas é o problema de crianças recém-nascidas que vêm a falecer. Nasceu morta, ou logo após parte desta vida, e então perguntam: “Para onde foi o meu filho, ou a minha filha, Bispo?” Uma mãe em prantos não se contenta com um apelo aos mistérios da fé. Nem seria um ato responsável simplesmente dar uma meia-resposta. Por isso, me pus a estudar as Sagradas Letras, assim como os grandes intérpretes do passado, para ter uma resposta biblicamente plausível.

Entenda, por favor, que esta não é uma questão marginal, nem esotérica. Nos tempos medievais, os teólogos discutiam quantos anjos cabiam na ponta de uma agulha. Algumas questões tratadas na teologia têm essa mesma importância (ou, melhor, falta de importância). Mas o que acontece com um neném que morre nos leva ao cerne de verdades como pecado original, culpa, redenção, Céu e Inferno. Resolver isso não é pouca coisa não. Então sigamos em frente, pois quero lhe explicar o que hoje creio ser o destino eterno de um desses pequeninos ceifados antes mesmo de conseguirem dar seu primeiro passo, falar a sua primeira palavra ou ter sequer noção do mundo pelos seus olhos.

Nascemos pecadores? Sim. Em Adão, todos nós “pecamos” e, por isso, todos nós somos pecadores desde o berço. Mas temos que entender que a Bíblia diferencia entre o princípio formal e o princípio material do pecado, assim como a própria lei diferencia entre os dois. O princípio formal é a Lei. O princípio material é o ato que traz a Lei a ser executada. Dizer que todo assassino será punido é um princípio formal. Se aplica a todos. Dizer que alguém assassinou é o princípio material, isto é, há evidência que exige um veredito e, consequentemente, punição.

Paulo usou o termo hamartia (pecado) que não descreve um pecado, mas o pecado. É o poder que nos escraviza, nos enreda, nos leva a agir e consequentemente morrer. Nascemos nessa condição escrava. Pelágio, que foi condenado como herege, afirmou que todos nós nascemos com a conta limpa, por assim dizer. Somos uma tábula rasa, para usar o termo que o filósofo grego Aristóteles cunhou e se consagrou pelas ideias do empirista inglês John Locke. O fato de pecarmos é o que nos condena. Na visão de Pelágio, o homem não nasce morto, mas livre para tomar a sua própria decisão entre a vida e a morte. Por outro lado, o apóstolo Paulo afirmou que nascemos mortos. Um morto não tem capacidade de escolher a vida, a não ser que Deus lhe dê esta capacidade. Por isso mesmo Jesus falou para Nicodemos que, sem que nasçamos de novo, não podemos, sequer, ver o Reino de Deus. Hamartia é o poder sob o qual nós nascemos e do qual não há escape, a não ser pelo poder da Cruz.

Calvino chegou a dizer, com todas as letras, que nascemos culpados pelo pecado de Adão. Literalmente somos parceiros no seu pecado, sem que tenhamos agido por vontade própria. Mas a própria natureza de punição compreende um ato da vontade. Punição sempre se aplica a um ato. O próprio juízo de Deus será aplicado aos pecados que cometemos e os que praticam as obras da carne não herdarão o Reino de Deus (Gl 5.17-21). Mas uma criança no colo da mãe ainda não agiu. Sua existência é de absoluta dependência, sem que tenha tomado uma atitude ou praticado um ato de desobediência.

Os arminianos afirmam que todos nascem na inocência até que a criança volte ao estado de pecado, em virtude da obra da Cruz. Afirmam que Cristo fez todos inocentes, pelo poder da Cruz, mas que todos acabam pecando mesmo. Isso também nega o que Paulo afirma tão claramente sobre todos nós termos nascido no pecado. Em nenhum lugar há esta sugestão de que nascemos “limpos”. Mas será que nascer sem pecado é o mesmo que nascer sem a condenação por termos pecado? Será que temos de negar a questão de pecado original para afirmar que uma criança não seja condenada sem nunca ter realmente pecado?

Não acho uma solução em Calvino, nem tampouco em Pelágio ou Armínio. Volto a recorrer à diferença entre o princípio formal e o material da lei. Todos que pecam são condenados. Todos nós nascemos sob este poder. Todos pecam porque são pecadores. Mas o teólogo reformado Abraão Kuyper disse: “Pecado e culpa andam juntos, mas os dois não podem ser confundidos nem considerados sinônimos…”. Se não representam a mesma coisa, então posso crer que não somos condenados por sermos pecadores e sim porque pecamos. Será que a Bíblia diz isso? Sim.

Em Tiago achamos a seguinte passagem: Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: “Estou sendo tentado por Deus”. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte. (Tg 1.13-15 grifos meus)

Então é o pecado consumado que gera a morte. Sem que a tentação seja consumada, ainda podemos concluir que não há materialidade suficiente para a aplicação do princípio formal – isto é, que todo que peca será condenado e morrerá eternamente.

Certamente, todo o que viver viverá para pecar e, pelo seu pecado, será condenado. Mas ao que não tiver como pecar, segue-se a aplicação do princípio formal, novamente, só que no seu sentido inverso. Se pelo pecar somos condenados, há como afirmar que sem pecar não há como condenar. Se não houver como condenar, então não há base para a sua perdição eterna.

Após criar dois garotos, que hoje são homens feitos, posso lhe dizer que o pecado se revela cedo na vida. Não demora e a criança se mostrar um “pecador”, um rebelde, um desobediente por natureza. Nunca é necessário ensinar uma criança a fazer travessura. Toda e qualquer educação de uma criança é necessariamente uma instrução na justiça acompanhada por limites, instruções e correções amorosas, mesmo que sejam firmes.

Não creio que Deus mande crianças, mortas nos seus primeiros dias de vida ou mesmo no ventre, para o Inferno. Nem creio que ele as poupe por misericórdia. Creio que a própria justiça de Deus não as condena, pois ainda não pecaram. São, por natureza, infratores da Lei divina, sem que tenham transgredido a Lei. Dado o suficiente tempo, elas certamente teriam razão para condenação. Mas, até agirem, não.

Ficam no limbo? Não creio nisso, até porque a própria Igreja Católica, que inicialmente havia criado essa ideia, já a aboliu. Purgatório? Não creio nisso tampouco. Vão para uma recompensa eterna? Bom, não tiveram a aplicação da graça às suas vidas com o arrependimento que a acompanha, seguida por uma vida de perseverança na fé. O que resta? Bom, uma coisa eu creio – não é o Inferno. Disso eu tenho convicção. Deus é misericordioso, certamente. Mas Deus é justo, também. Um dia saberemos por certo. E sei que será um dia de paz e alegria para todos nós. Louvaremos a Deus pela sua sabedoria e perfeita vontade.

Peço desculpas pelo tratamento tão sumário de um argumento muito mais complexo. Mas deixo a minha conclusão. Que Deus nos dê graça, consolo e um temor santo ao ponderarmos questões de tanto peso.

Na paz,

+W

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  • Perdi o meu primeiro filho,com um dia de nascido. Na época eu não havia nascido de novo e nem minha esposa. Um certo pastor das Assembléias de Deus, no ínicio de minha fé vaticinou que meu bêbe foi pro inferno porque nós não éramos crentes. Isso me entristeceu bastante todavia fazer o que? Hoje ao ler o vosso artigo me alegrei pois lá no meu intimo eu não conseguia crer naquela condenação puramente baseada em achologias. O nosso Deus é Justo. Obrigado querido. Que Deus em Cristo continue te abençoando.

  • A biblia diz que cada um dara conta de si mesmo a DEUS,como pois poderia um bebe dar conta de suas atitudes a DEUS?A propria justiça humana principalmente no brasil entende isso,porque um menor de idade nao vai a cadeia quando comete um crime e sim instituiçoes de reabilitaçao?Porque a justiça entende que ele ainda nao tem formaçao total pra responder por si mesmo…

  • Em primeiro lugar gostaria de elogiar o Bispo Roberto, pela coragem de escrever sobre um tema tão complexo .
    Em segundo lugar o que escrevi aqui é somente para expressar a minha opinião sobre o assunto. na esperança de somar forças para o consolo de pais que perderam seus recém ´- nascidos.
    Se dissermos que são salvas , deixaremos as pessoas tranquilizadas; se dissermos que vão para o inferno estaríamos sendo impiedosos e criaríamos traumas, talvez inreparaveis. Mas nos perguntamos o que as escrituras dizem ? a resposta é quase nada a este respeito. o que podemos afirmar sem correr o risco errar é que quando vier o reino de Deus plenamente, todos estes vínculos sanguíneos acabarão e seremos como os os anjos que não se casam e não se dão em casamento.Não seremos pais e mães de ninguém; estaremos todos na condição de filhos. por isso Deus sabe se aquele individuo que acabou de nascer é seu escolhido ou não . Deus que nos escolheu desde os tempos eternos . pois Todos pecaram e destituídos foram da gloria de Deus. aprouve a Deus salvar alguns , por motivos que desconhecemos. Devemos aceitar a soberania de Deus que conhece os seus eleitos, pois não sabemos quem são os salvos. Creio que devemos dizer aos pais que perderam seus filhos que os mesmos estão nas mãos de Deus. Deus deu e Deus tomou , louvado seja o nome do Senhor!!! Devemos aprender a confiar na sabedoria e amor de nosso Senhor que fará o melhor . E Deus , naquele dia , enxugará dos nossos olhos todas as lagrimas porque as primeiras coisas já passaram

  • Bom texto Pastor, também, consolador. Resta, todavia, uma definição real sobre o inferno… Será mesmo o prefalado termo um local de fogo que dura pela eternidade afora?

  • Brilhante, bispo! Pergunta muito difícil de responder e bem frequente. Surge em uma hora de dor e revolta das famílias que vivem essa experiência. Reflete o grito de dor calado no peito dos pais mediante a impotência diante do fato. Obrigada por essa reflexão que, mesmo não conclusiva, é muito esclarecedora sobre o que a Palavra de Deus nos revela saber sobre o tema. Deus te abençoe.

  • Bispo, e as crianças um pouco mais velhas que morrem? Seriam elas condenadas? Já teriam razão suficiente para discernir entre o certo e o errado? Cresci na Igreja e sempre ouvi a história do “período de inocência”, ou seja, enquanto a criança não sabe diferenciar o bem do mal, elas não seriam condenadas, pela misericórdia de Deus. Enfim, o senhor teria alguma resposta sobre isso? Como aconselhar uma mãe que perdeu um filho que se encontra na situação descrita?

    Grato pela atenção!

  • Parabéns pelo seu comentário. Foi muito esclarecedor e, possivelmente, tranqüilizará diversas pessoas que estão de luto por ter perdido seu amado bebezinho. “Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus”. Lucas 18:16

  • Rodrigo,
    Acho que inferno será muito pior do que esta imagem que fazemos dele. Separação eterna de Deus é o pior castigo imaginável.

  • Victor,
    Adão fez pecadores de todos nós. Como pai posso lhe dizer que o pecado se expressa muito cedo na vida de uma pessoa. É uma expressão da morte na qual nascemos. Culpabilidade é universal. E os que discordam deste artigo tem boa e suficiente razão para tanto. Só apresento esta resposta perfeitamente plausível, embora no fim, Deus decidirá.

  • Obrigado pela resposta. Muito bom o texto, por sinal. Eu havia esquecido de elogiar. Que Deus continue te usando. Tens me abençoado muito com blog.

  • Muito bom o artigo. Mas tenho que discordar. Creio pelo que li nas escrituras que Deus muito antes de criar o mundo e tudo o que nele existe elegeu os que seriam salvos e não salvos. Uma criança não precisa pecar para ir ao inferno, como também crer em Jesus para ser salva. Deus elegeu a alma dela na eternidade, muito antes dela ter nascido independente de qualquer circunstancia. Portanto é suficiente saber que o Juiz do mundo fará o que é justo segundo Sua vontade. Não nos compete argumentar com o que não foi revelado, pois “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos as palavras desta Lei” Dt:29.29;

  • O Sr. respondeu ao Rodrigo que Inferno é separação eterna de Deus. Essa afirmação não estaria errada? Creio pelo contrário, que inferno será a permanência eterna de Deus em ira.
    Att.

  • Felicito-o pela ousadia e intrepidez que teve ao mergulhar neste tão complexo tema.

    A passagem de 2 Samuel 12:21-23 é aquela que aparenta se identificar com esse tópico mais do que qualquer outra. Podemos ver pelo contexto desses versículos que o Rei Davi cometeu adultério com Bate-Seba, resultando em uma gravidez. Por causa de seu pecado, o profeta Natã foi enviado pelo Senhor para informar Davi de que o Senhor iria fazer com que a criança morresse. Perante a gravidade da situação, Davi respondeu a essa situação com sofrimento, luto e oração pela criança. No entanto, logo que a criança morreu, o sofrimento de Davi acabou. Contudo os seus servos ficaram surpreendidos com tal atitude. Eles perguntaram ao Rei Davi: “O que é isto que fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém, depois que ela morreu, te levantaste e comeste pão.” A resposta de Davi foi: “Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o Senhor se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei para junto dela, porém ela não voltará para mim.” A resposta de Davi pode ser vista como um argumento de que aqueles que não podem acreditar estão seguros no Senhor. Davi disse que ele iria para junto dela, mas que a criança não voltaria para ele. Da mesma forma, e de igual importância, Davi aparentava ser confortado por este facto. Em outras palavras, Davi aparentava estar dizendo que ele iria ver seu filho de novo (no céu), apesar do facto de que ele não poderia trazê-lo de volta.
    Apesar de que a Bíblia deixa essa possibilidade em aberto, o único problema em dizer que Deus aplica o pagamento de Cristo ao pecado daqueles que não podem acreditar é que a Bíblia não diz especificamente que Ele faz assim. Portanto, esse é um assunto pelo qual não podemos ser inflexíveis ou dogmáticos. Podemos, no entanto, ser dogmáticos sobre o facto de que Deus sempre faz o que é certo.
    Por conhecermos o amor e a graça de Deus, podemos afirmar que Deus aplicando a morte de Cristo àqueles que não podem acreditar aparenta ser consistente com o Seu caráter. Acreditamos que Deus aplica o pagamento de Cristo ao pecado das crianças pequenas e daqueles que são mentalmente impossibilitados, já que não eram mentalmente capazes de entender seu estado pecaminoso diante de Deus e a sua necessidade de um Salvador. De uma coisa estamos certos: Deus é amoroso, santo, misericordioso, justo e gracioso. Qualquer coisa que faça é sempre certa e boa.

  • Prezado Bispo, bom dia!

    Primeiramente gostaria de agradecer pela benevolência que o Senhor tem apresentado em nos permitir agregar perguntas aos artigos postados com o interesse único de esclarecimento.

    Como o Senhor mesmo descreveu a forma sumária que foi tratada o argumento tão complexo, gostaria de solicitar ao Senhor de uma forma gentil e conforme a sua disponibilidade que nos forneça nome de alguns livros para que possamos ler um pouco mais sobre este assunto. Pois confesso que tenho alguns questionamentos em relação a:
    – Como ficaria a depravação total do ser humano em relação às crianças;
    – A incapacidade total em relação às crianças;
    – Conforme Romanos 1:20 ” Paulo afirma que todo ser humano é “indesculpável”, como ficaria as crianças;
    – Como se daria a Revelação Geral e a Revelação Específica nestes casos;
    – Paulo escrevendo aos Romanos 6:23 ele diz”Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.”Então o pecado precede a culpa? Neste caso como ficariam as crianças;

    Bispo desculpe as perguntas, se for possível me indique uma literatura.

    Mais uma vez, agradeço por sua benevolência.

  • Texto teológico e pastoral muito bem fundamentado na história da igreja e nas Escrituras Sagradas. Muito esclarecedor para todos que buscam fundamentos para aconselhamento pastoral. Obrigado bispo Walter por mais esse que sem dúvida alguma, foi um dos melhores textos que já li produzidos pelo senhor. Continue abençoando a todos que seguem esse blog, pois é muito esclarecedor e, muito contribui para nosso crescimento e amadurecimento.

  • Parabéns Bispo, há coerência no texto. Ele segue a linha bíblica e termina como esta, sem dar nenhuma afirmação do real destino das crianças. No final só perguntas para nossa reflexão, a resposta só teremos quando chegarmos ao céu, mas, independente do veredito divino, não podemos julgar a Deus pelas suas atitudes, se ele condená-las ou salvá-las vai ser por vontade soberana Dele, não temos nenhuma autoridade ou condição de julgá-lo por isso. Escrevo isto porque já ouvi muitos dizerem: “Se Deus tomar determinada atitude Ele é injusto!! Como pode isso?? Condenar um inocente??” Muitos esquecem que são limitados e não enxergam e nem compreendem como Deus. Como pode a criatura finita querer julgar o Criador infinito e sempiterno??

    Para quem quiser se aprofundar mais no assunto indico os seguintes sítios:

    http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__2/Joao_Alves.pdf
    Este mostra um estudo extenso baseado nas Escrituras com comentários de versículos da Bíblia que muitos usam para defender ou condenar determinada posição sobre o assunto.

    http://www.esbocandoideias.com/2011/05/criancas-salvacao-morte-na-infancia.html#comments
    Sítio com comentários sobre o mesmo assunto.

    Creio que qualquer posição que venhamos ter sobre o assunto não passa de opinião pessoal tendo em vista que a Bíblia não é tão clara sobre isto.

  • Querido Bispo, lendo esta parte do texto:

    “Então é o pecado consumado que gera a morte. Sem que a tentação seja consumada, ainda podemos concluir que não há materialidade suficiente para a aplicação do princípio formal – isto é, que todo que peca será condenado e morrerá eternamente.”

    Me questionei quanto ao seguinte: Seria então possível afirmar que quem pensa e não age, não consumou o pecado, portanto não será condenado por esse pecado? Mas e quanto ao desejar a morte de alguém já ser assassinato segundo Jesus? Quando o pecado latente, gerado apenas no pensamento, passa a ser caracterizado como consumado e portanto passível de condenação? Ou não passa?

  • Anderson,
    Posso recomendar uma boa Teologia Sistemática (Franklin Ferreira), assim como uma boa introdução ao Novo Testamento (a Editora Vida Nova tem muitos). O meu exercício não partiu de uma obra apenas. Foi um questionamento heurístico, ou seja, fui forçado a perguntar. Não creio que minha resposta seja definitiva. É plausível e, até que Deus nos diga o que fez, no por vir, fico com ela.
    Na paz.

  • Quero aproveitar para agradecer a todos pelos questionamentos (muitos dos quais não tenho como responder). É um assunto que não fecha. Mas que, com graça tentei resolver, até onde pude.
    O que importa mais é que não fujamos dos questionamentos, por mais difíceis que possam nos parecer. Quando encontramos um muro instransponível, aí sim, teremos que apelar para o mistério. Quando as Escrituras forem muito claras, então teremos que dizer a verdade, mesmo que seja dura e difícil de aceitar. Nesta questão não temos escolha, se realmente tivermos as Escrituras em alto estima, que é o caso de todos que realmente amam a Palavra de Deus e reconhecem esta palavra como sendo inspirada e innerrante.

  • Gostei muito da explicação. Bispo, as minhas filhas têm muita vontade de estudar a Palavra de Deus. Elas têm 21 e 25 anos e gostariam de estudar no IBRMEC on-line. Ambas são cristãs. Isso é possível?

  • Ana Maria,
    Devido à atual estrutura de professores e tutores online, matrícula na IBRMEC depende de uma recomendação de um dos pastores da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida. Para abrir para outros, teremos que adicionar muitos e ainda não temos estrutura para tanto.

  • Bispo, o texto de Lucas 18:16-17 também poderia nos dar uma luz sobre o tema? Aqui não seria uma afirmação de que as crianças são herdeiras do Reino de Deus? ‘Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraçeis, porque dos tais é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele’.
    PS: Enviei essa pergunta no Facebook também.
    Obrigada! Deus te abençoe.
    Ana Beatriz (sou membro da Ig. Presbiteriana da Barra – Rev. Antonio C. Costa)

  • Ana Beatriz,
    Como falei no Facebook, esta não é a aplicação deste texto. Força demais a sua aplicação. Jesus claramente falou em termos do exemplo das crianças na sua confiança e fé.

  • Lendo o comentário do Wladimy de M. Farias, senti um pouco de vergonha, como membro da Assembleia de Deus, pela resposta do “ousado pastor”. Digo ousado por que penso que devemos pensar antes de falar… e depois de “pensar”, falar daquilo que conhecemos. É lamentável como as vezes estamos tão prontos a dar respostas aos questionamentos que nos são apresentados. Espero que o pastor tenha amadurecido, como cristão… Quanto ao tema comentado pelo Bispo, que bom que o irmão Wladimy recebeu, com paz, essa palavra. Que texto maravilhoso, postou o Bispo! Apalavra de Deus é Magnífica!!!

  • Muito bom o texto . Uma lógica que faz todo sentido e pautada na Bíblia. Obrigada pela preciosa reflexão e esclarecimento. Abraços.

  • Bispo Walter, felicito-o pela ousadia e intrepidez que teve ao mergulhar neste tão complexo tema.
    A passagem de 2 Samuel 12:21-23 é aquela que aparenta se identificar com esse tópico mais do que qualquer outra. Podemos ver pelo contexto desses versículos que o Rei Davi cometeu adultério com Bate-Seba, resultando em uma gravidez. Por causa de seu pecado, o profeta Natã foi enviado pelo Senhor para informar Davi de que o Senhor iria fazer com que a criança morresse. Perante a gravidade da situação, Davi respondeu a essa situação com sofrimento, luto e oração pela criança. No entanto, logo que a criança morreu, o sofrimento de Davi acabou. Contudo os seus servos ficaram surpreendidos com tal atitude. Eles perguntaram ao Rei Davi: “O que é isto que fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém, depois que ela morreu, te levantaste e comeste pão.” A resposta de Davi foi: “Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o Senhor se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei para junto dela, porém ela não voltará para mim.” A resposta de Davi pode ser vista como um argumento de que aqueles que não podem acreditar estão seguros no Senhor. Davi disse que ele iria para junto dela, mas que a criança não voltaria para ele. Da mesma forma, e de igual importância, Davi aparentava ser confortado por este facto. Em outras palavras, Davi aparentava estar dizendo que ele iria ver seu filho de novo (no céu), apesar do facto de que ele não poderia trazê-lo de volta.
    Apesar de que a Bíblia deixa essa possibilidade em aberto, o único problema em dizer que Deus aplica o pagamento de Cristo ao pecado daqueles que não podem acreditar é que a Bíblia não diz especificamente que Ele faz assim. Portanto, esse é um assunto pelo qual não podemos ser inflexíveis ou dogmáticos. Podemos, no entanto, ser dogmáticos sobre o facto de que Deus sempre faz o que é certo.
    Por conhecermos o amor e a graça de Deus, podemos afirmar que Deus aplicando a morte de Cristo àqueles que não podem acreditar aparenta ser consistente com o Seu caráter. Acreditamos que Deus aplica o pagamento de Cristo ao pecado das crianças pequenas e daqueles que são mentalmente impossibilitados, já que não eram mentalmente capazes de entender seu estado pecaminoso diante de Deus e a sua necessidade de um Salvador. De uma coisa estamos certos: Deus é amoroso, santo, misericordioso, justo e gracioso. Qualquer coisa que faça é sempre certa e boa.

  • Querido Bispo acho que um link sobre o vídeo “Pedido de perdão” deveria ser posto neste post. Isto iria acrescentar muito na reflexão sobre o assunto. Creio que o vídeo mostra que a nossa constante reflexão nos leva a mudar de opnião, reconhecer erros, abordagens erradas, palavras mal colocadas e outras coisas mais. É raro ver pessoas formadoras de opnião reconhecerem seus erros de forma pública, ainda mais pedirem perdão por isso, esta atitude tomada pelo Sr. é rara até entre nós cristãos por isso digo que ela é um bom exemplo para todos.

    Que Deus nos abençoe.