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A difícil doutrina da reprovação de Deus – Parte final: benefícios

Por James Boice (confira as partes 1, 2 e 3 do artigo) 

Este seria um bom momento para parar, terminando com a glória e a justiça de Deus. Mas devemos também mencionar alguns benefícios dessa doutrina, porque muitas pessoas pensam que a eleição é inútil e, talvez, até mesmo perniciosa. Não é nada desse gênero. Ela faz parte do ensinamento inspirado da Bíblia e é, portanto, “útil”,
como Paulo insistiu que toda a Escritura é (2 Tm 3.16,17).

[symple_icon icon=”fa-arrow-circle-right” size=”normal” fade_in=”false” float=”left” color=”#fff” background=”#000″ border_radius=”99px” url=”” url_title=””]1. A eleição traz humildade. Com frequência, aqueles que não compreendem a eleição supõem o contrário; e é verdade que aqueles que creem na eleição parecem, às vezes, orgulhosos ou presunçosos. Mas isso é uma aberração. Deus nos diz que Ele escolheu alguns pela graça sem levar em conta qualquer tipo de mérito ou até mesmo a capacidade de se receber a graça, exatamente para que o orgulho seja eliminado: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).

[symple_icon icon=”fa-arrow-circle-right” size=”normal” fade_in=”false” float=”left” color=”#fff” background=”#000″ border_radius=”99px” url=”” url_title=””]2. A eleição incentiva o nosso amor por Deus. Se nós temos um papel na salvação, ainda que pequeno, nosso amor por Deus é diminuído exatamente nessa medida. Se tudo é de Deus, nosso amor por Ele precisa ser ilimitado. Infelizmente, com frequência, a Igreja atual considera o amor de Deus como algo irrevogavelmente seu. “É claro que Deus me ama”, dizemos. “Eu me amo, por que Deus não deveria me amar também?” Pense no exemplo de uma menininha que amava a música tema do personagem Barney, da televisão: “Eu te amo, você me ama; somos uma família feliz.” Mas ela a cantava assim: “Eu me amo, você me ama; somos uma família feliz.” É assim que tendemos a pensar acerca do amor de Deus. Nós pensamos que o merecemos. Compreender que somos eleitos somente pela graça enfraquece a nossa maneira egocêntrica e presunçosa de pensar.

[symple_icon icon=”fa-arrow-circle-right” size=”normal” fade_in=”false” float=”left” color=”#fff” background=”#000″ border_radius=”99px” url=”” url_title=””]3. A eleição enriquecerá a nossa adoração. Quem pode admirar um Deus que é frustrado pela vontade rebelde dos seres humanos? Martinho Lutero escreveu: “Não é irreligioso, ocioso ou supérfluo, mas saudável e necessário no mais alto grau que um cristão saiba se a sua vontade tem ou não alguma participação no que concerne à salvação… Porque, se sou ignorante sobre a natureza, a extensão e os limites do que posso e devo fazer com referência a Deus, serei igualmente ignorante e duvidoso da natureza, da extensão e dos limites do que Deus pode fazer e fará em mim — embora Deus, de fato, opere tudo em todos. Ora, se sou ignorante das obras e do poder de Deus, sou ignorante do próprio Deus. E se não conheço a Deus, não posso adorar, louvar, dar graças ou servir a Ele, pois não sei quanto devo atribuir a mim e quanto a Ele. Precisamos, portanto, ter em mente uma distinção clara entre o poder de Deus e o nosso, e a obra de Deus e a nossa, se quisermos viver uma vida piedosa.”

[symple_icon icon=”fa-arrow-circle-right” size=”normal” fade_in=”false” float=”left” color=”#fff” background=”#000″ border_radius=”99px” url=”” url_title=””]4. A eleição nos encoraja a evangelizar. As pessoas supõem que, se Deus salvará certos indivíduos, Ele os salvará e não faz sentido querermos participar disso. Mas não é assim que funciona. A eleição não exclui a utilização dos meios pelos quais Deus opera, e a proclamação do Evangelho é um desses meios (1 Co 1.21).

Além disso, somente a verdade da eleição nos dá alguma esperança de sucesso ao proclamarmos o Evangelho a homens e mulheres não salvos. Se o coração de um pecador é tão oposto a Deus quanto a Bíblia declara, e se Deus não elege pessoas para a salvação, então que esperança de sucesso poderíamos ter ao testemunhar? Se Deus não atrai os pecadores a Cristo de forma eficaz, é certo que também não podemos fazê-lo. Ainda mais, se o agente eficaz na salvação não é a eleição e o chamado de Deus — se a eleição depende da decisão do indivíduo ou da nossa, devido aos nossos poderes de persuadir os outros a aceitarem Cristo — como poderíamos sequer nos atrever a testemunhar? E se cometermos um erro? E se dermos uma resposta errada? E se formos insensíveis aos reais problemas da pessoa? Nesse caso, as pessoas não crerão. Elas poderão acabar indo para o inferno e seu destino eterno será, em parte, culpa nossa — e como poderia
qualquer cristão racional e sensível conviver com isso?

Mas, no entanto, se Deus elegeu alguns para a salvação e se Ele está chamando os indivíduos eleitos para irem a Cristo, podemos avançar com coragem, sabendo que o nosso testemunho não tem de ser perfeito, que Deus usa até mesmo testemunhos fracos e gaguejantes para a sua graça e, o melhor de tudo, que todos aqueles que Deus escolheu para a salvação serão salvos. Podemos ser destemidos, sabendo que todos os que são chamados por Deus irão a Ele.

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Texto do livro “As Doutrinas da Graça: Resgatando o verdadeiro Evangelho”, de James Boice. A última obra escrita por Boice nos esclarece o que são os cinco pontos do Calvinismo. Clique aqui e conheça mais.

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