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Qual a importância da comunhão para a perseverança na fé?

retrewtewrtDietrich Bonhoeffer declarou:

“Se alguém pergunta [a um cristão] ‘Onde está a sua salvação, sua justiça?’, ele nunca pode apontar para si mesmo. Ele aponta para a Palavra de Deus em Jesus Cristo, que o assegura quanto à salvação e justiça. Ele é, o quanto for possível, atento a esta Palavra. Pois ele diariamente está faminto e sedento por justiça, ele diariamente anseia pela Palavra redentora…

Mas Deus colocou esta Palavra na boca de homens para que ela seja comunicada a outros. Quando uma pessoa é tocada pela Palavra, ela a comunica a outros. É a vontade de Deus que nós procuremos e encontremos sua Palavra viva no testemunho de um irmão, na boca de um homem. Portanto, o cristão precisa de outro cristão que fale a Palavra de Deus para ele. Ele precisa do irmão vez após vez quando ele fica inseguro ou abatido, pois sozinho não é capaz de se ajudar sem negar a verdade. Ele precisa do seu irmão como um portador e proclamador da palavra divina da salvação. Ele precisa do seu irmão unicamente por causa de Jesus Cristo. O Cristo em seu próprio coração é mais fraco que o Cristo na palavra do seu irmão; seu próprio coração está incerto, o de seu irmão está seguro.” (Life Together, p.11,12)

A pergunta que queremos explorar é esta: Quão crucial para a sua salvação e perseverança na fé é ser comprometido com a comunidade e o encorajamento e repreensão que vem de outros crentes? Para responder esta pergunta, olhemos para Hebreus 3.12-14.

“Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama “hoje”, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio.” (Hb 3.12-14)

Algumas observações são necessárias.

Primeiro, precisamos estar energicamente atentos ao que está acontecendo em nossos corações. O pecado é enganoso e poderoso, e o mundo, a carne e o Diabo conspiram para levar-lhe à descrença e fatalmente a uma separação do Deus vivo.

Segundo, John Piper explica: “Hebreus enxerga duas possibilidades para o crente professo: ou ele afirma e se apega à sua primeira esperança até o fim e confirma que realmente tornou-se um participante da vida de Cristo, ou ele acaba endurecido pelo engano do pecado e se afasta de Deus com um coração incrédulo e mostra que não tem parte com Cristo.”

Terceiro, e mais importante, é que o meio que Deus ordenou e proporcionou para que perseveremos é a exortação e encorajamento consistente, fiel e amorosa que vem a nós de outros homens e mulheres cristãos (v.13).

Novamente, Piper explica:

“Está escrito que os santos perseverarão até o fim e serão salvos. Aqueles que se tornaram participantes de Cristo pelo novo nascimento se apegarão à sua esperança até o fim e serão salvos. Mas uma das evidências de que você está entre esses é que quando Deus revela em sua santa Palavra os meios pelos quais você deve perseverar, você o leva muito a sério, você o agradece e você diligentemente segue esses meios. Este texto deixa bem claro que o meio pelo qual Deus pretende nos guardar para a salvação (1 Pe 1.5) é a comunidade cristã. A segurança eterna é um projeto comunitário. Não é apenas oração, não é apenas louvor, não é apenas os sacramentos, não é apenas a leitura da Bíblia, mas a exortação diária de outros crentes é o meio apontado por Deus para capacitar-lhe para se apegar à sua primeira esperança firmemente até o fim.”

Como e onde isso é feito?

“Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel. E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.” (Hb 10.23-25)

Onde devemos “reunir-nos como igreja”? Em todo e qualquer lugar! Aqui na Bridgeway Church isso inclui nossa reunião coletiva aos domingos pela manhã, nossos encontros de grupos comunitários durante a semana e nossos grupos de discipulado sempre que possível. Não deixemos de fora o cafezinho, ao redor da mesa da cozinha, o campo de futebol etc.

O autor de Hebreus se refere ao “costume de alguns” de não se reunir consistente e frequentemente. Nunca na história da igreja cristã vimos isso tanto quanto é evidenciado hoje. Reforçados e afirmados pelo espírito do consumo e individualismo do ocidente, cristãos professos se sentem cada vez mais “levados” (frequentemente afirmando que na verdade é o Espírito que está por trás disso!) a negligenciar a vida da igreja local, ridicularizam a membresia pactual, ignoram a dinâmica dos pequenos grupos, abrem mão de qualquer noção de compromisso e seguem sua própria “espiritualidade” na varanda, no Starbucks, entre um ou outro gol num jogo do futebol ou sentado ao redor de uma mesa jogando cartas.

Então, quão urgente e crucial é buscar um ministério de encorajamento, prestação de contas, repreensão e amor? Considere os seguintes cenários antes de responder a esta pergunta.

– O homem que é excessivamente dedicado à sua carreira a ponto de negligenciar o tempo e envolvimento com sua esposa e filhos…
– A mulher que desperdiça horas do seu dia assistindo novela, reality shows e histórias de romance e cuja fantasia resultante ameaça o seu compromisso com o marido…
– O homem cujo vício crescente em pornografia está distorcendo a sua visão da intimidade com mulheres e destruindo a intimidade sexual com sua esposa…
– A mulher cuja obsessão pela fofoca é justificada pelo disfarce de “ter mais informações para que eu possa orar por eles mais especificamente”…
– O homem cuja insegurança emocional e desejo egoísta por status e respeito o levaram a racionalizar uma pequena sonegação de impostos…
– A mulher cuja obsessão com o próprio corpo levou a hábitos alimentares perigosamente danosos, rotinas de exercício prejudiciais e um estilo excessivamente sedutor de se vestir…
– O homem cujo relacionamento com sua assistente particular está gravemente perto de se tornar um adultério, sendo justificado mentalmente pela negligência sexual e emocional da sua esposa…
– A mulher cujos hábitos de consumo e gastos dispararam incontrolavelmente levando a sua família à dívida, sintoma de uma dependência idólatra de coisas que excluem o amor singular a Deus…
– O homem que, ao atravessar a meia idade, se sente cada vez mais entediado com a vida e considera a desculpa de que “você só vive uma vez então é melhor aproveitar o máximo possível” mais e mais plausível a cada dia que passa…
– A mulher (ou o homem) cuja angústia por causa de um filho rebelde, um marido descrente e distante, um diagnóstico de câncer terminal ou as crescentes pressões financeiras da vida levam a uma amargura com Deus e dúvidas se realmente vale a pena seguir a Cristo…

Essas são apenas algumas de inúmeras razões pelas quais pessoas são vulneráveis àquele “coração perverso e incrédulo” que ameaça a levá-los a “se afastar do Deus vivo” (Hb 3.12b). O potencial de ser “endurecido pelo engano do pecado” (Hb 3.13b) é tão real e implacável que TEMOS QUE “encorajar uns aos outros todos os dias” (Hb 3.13a) e mirarmos em “incentivar-nos ao amor e às obras” (Hb 10.24), “não deixando de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajando-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.” (Hb 10.25)

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