Início / Autor / Sam Storms / Uma Palavra às “pequenas igrejas” (Apocalipse 3.7-11)

Uma Palavra às “pequenas igrejas” (Apocalipse 3.7-11)

too-small-to-buy-chmsÉ bem possível argumentar que as cartas a Esmirna e Filadélfia são as mais importantes das sete, pois em nenhuma das duas encontramos uma única palavra de reclamação. Ambas recebem adoração absoluta e aprovação. Essas, então, verdadeiramente são igrejas que Cristo aprova de coração.

O que faz disso ainda mais notável é a afirmação de Jesus em Apocalipse 3.8 de que a igreja em Filadélfia “tem pouca força” (NVI). Isso não é uma repreensão. É um elogio! Deixe-me esclarecer isso. Jesus não está dizendo que ter “pouca força” é inerentemente e sempre bom. Ele está apenas dizendo que ter “pouca força” não é inerentemente e sempre ruim. Apesar da falta de tamanho e influência, Jesus disse, você tem fielmente guardado a minha palavra e, face à perseguição e até o martírio, se recusado a negar o meu nome. Você foi ameaçada. A cultura zombou de você. A comunidade judaica a difamou (v. 9). A tentação de abandonar o barco deve ter sido intensa. Mas, mesmo assim, você se manteve firme. Sua falta de recursos, dinheiro e força de trabalho não foram obstáculos para que vocês fizessem grandes coisas para o reino de Deus!

É encorajador saber que tamanho não é medida de sucesso. Como já ressaltei, não há pecado em ser grande, muito menos em ser pequeno. Há tentações em ambas as circunstâncias. Aqueles com “pouco poder” podem se tornar amargos e ressentidos em relação àqueles que prosperam externamente. Aqueles com “grande poder” podem se tornar arrogantes e condescendentes em relação aos de menor status. A “pequena igreja” pode ser tentada a pensar que ela errou o alvo ou falhou em articular a visão que agrada a Deus. A “megaigreja” pode olhar para suas ofertas significantes e multidões abundantes como um indicativo da aprovação divina. Ambos podem estar errados.

Não sabemos se os cristãos em Filadélfia estavam desanimados ou abatidos por duvidar de si mesmos. Mas o fato de que Jesus aplaude os seus esforços apesar das suas dimensões modestas sugere que eles precisavam de uma palavra de encorajamento. A declaração do nosso Senhor do que Ele tem feito e o que continuará a fazer por eles (veja os v. 8-11) é merecedora da nossa atenção. Mas antes temos que ver a descrição dele de si mesmo no v. 7. Quem é este que fala palavras tão edificantes a esta pequena congregação? Ele é “santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi. O que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém pode abrir” (v. 7).

Não posso ser dogmático neste ponto, mas eu tenho uma grande suspeita de que no coração de ter guardado a sua palavra e não ter negado o seu nome está o fato de que zelavam por Jesus como ele se descreve a eles. Ou seja, não obstante as vis ameaças e insultos suportados diariamente, esses crentes proclamavam Jesus como aquele que é santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi!

Os crentes de Filadélfia fizeram mais que apenas não negar o nome de Jesus. Eles o proclamavam de maneira orgulhosa e fervorosa como o “santo”! Seu orgulho não estava na suas propriedades ou variedade de projetos, e sim no Santo de Israel! Este título provavelmente foi derivado de Isaías 40.25, onde Yahweh pergunta: “ ‘Com quem vocês me compararão? Quem se assemelha a mim?’, pergunta o Santo,” ou de Isaías 43.15 onde ele novamente proclama, “Eu sou o Senhor, o Santo de vocês, o Criador de Israel e o seu Rei” (veja também Jó 6.10; Ez 39.7; Os 11.9; Hq 1.12,3.3). De acordo com Isaías 57.15, seu próprio nome “é Santo”!

Não há um com quem Ele pode ser comparado ou contra quem Ele falhe em igualar-se. Ele é completamente único, transcendentalmente outro, verdadeiramente numa classe própria! E note também: este atributo glorioso, quase indescritível de Deus é aqui predicado de Jesus! Como já escrevi em outro lugar (no meu livro Pleasures Evermore), a santidade é a virtude na qual somente Deus é Deus somente. Santidade é majestade moral.

A sua igreja tem “pouco poder”? Você duvida da legitimidade da sua existência? Você às vezes acha que o seu sacrifício não vale o esforço? Talvez o reino seria melhor sem você. Se os irmãos da igreja de Filadélfia estivessem inclinados a pensar dessa maneira, eu suspeito que ele renovariam suas forças e reacenderiam a sua paixão ao refletirem na beleza da santidade divina. “Ele, nosso Senhor, é o Santo! Como podemos não guardar a sua palavra e proclamar o seu nome, pois Ele é Santo, Ele é nosso e nós somos dEle!”

Segundo, Ele é chamado de “verdadeiro”. Para a mente grega, esta palavra significaria “genuíno”, ou o que é real e então corresponde com a realidade. Para a mente hebraica, significa “fiel” e “digno de confiança”, merecendo a nossa confiança, dependente, fidedigna, consistente e constante (veja Sl 146.5,6; Ex 34.6; Dt 7.9; 2 Tm 2.13; Nm 23.19; Lm 3.22,23). Ninguém jamais confiou no nosso Deus e Salvador, o Senhor Jesus Cristo, em vão!

Terceiro, Ele é aquele “que tem a chave de Davi”. Isso é uma alusão a Isaías 22.22 e o papel de Eliaquim, mordomo da casa, a quem foi dada a autoridade de controlar quem era admitido ou excluído da presença do rei. Essa posição era de grande destaque, talvez submisso apenas ao próprio rei. A questão é que somente Jesus tem a chave para o reino davídico ou messiânico e que somente Ele tem a autoridade incontestável para admitir ou excluir pessoas da Nova Jerusalém.

Quarto, e finalmente, Ele é “o que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém pode abrir.” Quando Ele abre a porta do reino para os seus seguidores, não há quem os mantenha do lado de fora; e quando ele fecha a porta para aqueles que se opõem à sua causa, não há quem possa reverter essa decisão.

Jesus ama a “pequena igreja”! Ele diz isso explicitamente em Apocalipse 3.9 (sobre o qual falaremos num outro momento). A grandeza de uma igreja não é medida pela sua membresia ou proeza orçamentária, mas pelo tamanho do Salvador que ela honra fielmente e adora com fervor e em quem crê confiantemente. A “grande” igreja é qualquer igreja que se orgulha num Deus grande, sem considerar comparecimento ou área construída.

Será que os cristãos de Filadélfia eram invejados por alguém? Provavelmente não. Mas a eles não faltava, pelo menos no que importava. Guardar a palavra de Deus e não negar o seu nome é fácil para aqueles que o conhecem bem. Quando Ele é pequeno e desconhecido, se torna dispensável, negável e facilmente dispensado em prol de alguma grande visão de crescimento da igreja. Uma “megaigreja” sem um “mega-Cristo” não traz benefício algum a quem quer que seja. Uma “pequena igreja” com um “mega-Cristo” faz dela grande aos olhos daquele cuja opinião é a única que importa.

No livro “Libertando o Ministério da Síndrome do Sucesso”, o Pr. Kent Hughes, junto de sua esposa, Barbara, nos dão o relato da sua experiência pastoreando “pequenas igrejas” e como se mantiveram fiéis a Deus em meio aos sentimentos de fracasso. Neste livro, aprendemos que a fidelidade a Deus independe do números de membros ou do tamanho da sua igreja. Para adquirir este livro, clique aqui

Leia também

sunset-sun-freedom-orange-silhouettes_wallpaperswa.com_84

O fracasso da liberdade humana

Por Sam Storms  O que dizer então da liberdade humana? Para responder a essa pergunta, …