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Religião Verdadeira: Estudos sobre Tiago – 4

ajudandoImparcialidade no amor (Tiago 2.1-13)

Conceitos e critérios equivocados conduzem a uma conduta equivocada – seja no trabalho, na família ou até mesmo na própria Igreja! Tiago já nos alertou que tanto os nossos conceitos como a nossa conduta como cristãos devem ser radicalmente formados e transformados pela Palavra de Deus, e não por este mundo. Agora, o apóstolo aplica esse princípio a uma das características mais fundamentais da fé e da vida cristã: a imparcialidade no amor uns pelos outros.

Amando conforme Deus ama (Tg 2.1-7) 

Os leitores de Tiago – muitos deles sofrendo privações materiais, possivelmente resultantes de ações prejudiciais movidas por senhores abastados, influentes e incrédulos (2.6,7) – estavam demonstrando um padrão de comportamento incompatível com a sua fé no Senhor Jesus Cristo. Em vez de demonstrarem um amor imparcial àqueles que visitavam as reuniões da Igreja primitiva, estes cristãos estavam favorecendo os mais ricos e desprezando os mais pobres entre eles. (Tg 2.1-4)

O procedimento dos leitores de Tiago estava equivocado por dois motivos. Primeiramente, seu comportamento revelava critérios incompatíveis com a sua fé em Jesus Cristo. (Tg 2.1,4) Em vez de medirem o valor das pessoas pela glória de Jesus Cristo – aquele que, sendo rico, fez-se pobre para salvar pobres pecadores – aqueles cristãos estavam condicionando o seu amor de acordo com um padrão mundano, isto é, a riqueza visível e aparente de cada um.

Por outro lado, os leitores de Tiago estavam desprezando justamente aqueles a quem o Senhor havia entregue o seu Reino – os mais humildes da sociedade romana, incluindo os próprios endereçados da carta do apóstolo! – e honrando justamente aqueles que desonravam os cristãos e o Senhor a quem eles adoravam! (Tg 2.5-7)

Por essas razões, Tiago os repreende por não amarem imparcialmente como Deus ama.

Amando conforme a exigência da lei do Reino (Tg 2.8-11)

O apóstolo Tiago lembra ainda aos seus leitores que as Escrituras Sagradas sempre exigiram do povo de Deus um amor imparcial ao próximo (Tg 2.8; cf. Lv 19.18; Mt 22.37-40).

Desde o Antigo Testamento, o Senhor Deus havia exigido um tratamento igual tanto aos mais necessitados, incluindo órfãos e viúvas, como aos estrangeiros no meio do povo de Israel, sem fazer distinção entre ricos e pobres (Dt 10.17-18; Lv 19.15). No Evangelho, o Senhor Jesus Cristo não abrandou a força destes mandamentos; pelo contrário, ele os reafirmou exigindo dos seus discípulos um amor imparcial a estrangeiros e até inimigos – tudo isso como prova do seu discipulado (Mt 5.43-48; Lc 6.27-36; 10.25-37; Jo 13.34-35)!

Portanto, Tiago afirma de maneira contundente que a falha na demonstração desse amor uns pelos outros constitui uma transgressão contra toda a Lei e todo o caráter de Deus. O amor imparcial ao próximo, seja ele quem for, certifica o cumprimento à exigência da lei do Reino de Deus e a nossa cidadania como membros deste Reino.

Amando conforme a medida do juízo de Deus (Tg 2.12-13)

Tiago encerra mais uma porção da sua carta invocando um princípio há muito tempo esquecido pela Igreja – o Juízo Final. Surpreendentemente, Tiago diz aos seus leitores cristãos que todos serão julgados pela sua conformidade à “lei da liberdade” – isto é, à lei do Reino de Deus que exige tanto o amor por Deus como pelo próximo. (Mt 22.37-40; cf. Mt 25.31-46; 2 Co 5.10)

O que pode parecer um retrocesso no argumento da carta, na verdade, é a conclusão lógica de tudo aquilo que o apóstolo disse até aqui. Somente a Palavra de Deus é poderosa para nos regenerar e nos salvar (1.18,21). Somente o Evangelho é capaz de fazer de nós – criaturas egoístas, equivocadas e parciais em nosso amor – seres altruístas, instruídos e imparciais no amor (2.1-11). Se de fato o Evangelho foi implantado em nós e o recebemos pela fé em Cristo, então demonstraremos os frutos da misericórdia que nos salvou do juízo vindouro. Porém, se não demonstrarmos tal misericórdia, é sinal de que nunca recebemos e nos rendemos ao Evangelho, o que acarretará em juízo para as nossas vidas.

Logo, Tiago alerta os seus leitores para que falem e ajam como pessoas que foram salvas pela “lei da liberdade” – o Evangelho que tanto liberta da condenação e da culpa do pecado como do domínio do pecado. Quem assim não procede demonstra que, de fato, nunca experimentou da salvação do Evangelho. Contudo, graças ao Senhor, sua misericórdia ainda triunfa sobre o juízo na vida daqueles que se arrependem dos seus pecados, creem no Senhor e seguem em novidade de vida e no compartilhamento do amor imparcial de Jesus Cristo!

Para reflexão:

  1. Quanto o sistema de valores da nossa cultura influencia a maneira como medimos o valor das pessoas? Quanto a nossa sociedade tem medido o valor do ser humano pelo seu poder aquisitivo, status social, grau de escolaridade e visibilidade do seu trabalho?
  2. Como a Igreja pode se deixar levar pelo sistema de valores deste mundo no seu trato com as pessoas que a compõem e a visitam? Como a nossa fé em Jesus Cristo e a concessão graciosa e imparcial do Evangelho do Reino de Deus podem nos guardar deste padrão mundano a fim de que demonstremos um amor imparcial uns pelos outros?
  3. Quanto temos considerado o amor pelo próximo como de suma importância em nossa vida e em nosso testemunho como discípulos de Cristo? Como a falha na obediência a este mandamento compromete não só a nossa identidade como discípulos de Cristo e cidadãos do Reino de Deus, mas também nosso testemunho perante aqueles que ainda não creem no Evangelho?
  4. Quanto você tem considerado que todos nós, inclusive cristãos, serão julgados pela lei do Senhor no dia do Juízo Final? O que isso nos ensina sobre a necessidade de desenvolvermos a nossa salvação com temor e tremor na dependência da graça do Senhor, especialmente no tocante ao nosso trato com o próximo?
  5. Confesse ao Senhor onde você tem falhado na demonstração do amor imparcial do Reino de Deus junto ao seu próximo – seja dentro ou fora da Igreja. Descanse no perdão do Senhor e peça que, pelo seu amor e misericórdia, ele faça de você alguém imparcial, misericordioso e generoso na prática e no compartilhamento do amor.

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