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Quem ama o dinheiro será destruído por ele | Por Walter MacAlister

De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos.

1 Tm 6.6-10

Estou com o texto acima na cabeça. Nunca essa passagem foi tão gritantemente verdadeira para mim como quando ouvi há poucos dias que um antigo companheiro de quarto da faculdade morreu. Ao ser comunicado sobre a sua morte, decidi pesquisar seu obituário, que está na internet a partir do jornal da sua cidade nos EUA. Fiquei chocado ao saber sobre a sua vida e o resumo dela, que não foi nada do que imaginava.

Éramos amigos e frequentávamos a mesma igreja do meu pai quando ele estava de sabático na minha cidade natal de Charlotte, na Carolina do Norte. Meu amigo parecia ávido por crescer nas coisas de Deus. Aliás, parecia mais sequioso das coisas espirituais do que eu mesmo o era. Fazia mil perguntas e nunca perdia um culto. Era de uma família humilde e isso parecia algo que ele inicialmente queria muito esconder.

Quando transferi para uma faculdade em Oklahoma no meu segundo ano de estudos, ele já era aluno lá e me convidou para ser companheiro de quarto. Era um aluno muito dedicado e claramente a caminho de se tornar médico.

Anos depois de me formar, passei pela cidade e acabei me encontrando com ele para um café da manhã. Ele havia se tornado um médico famoso, dono de um hospital e conhecido. Mas durante nossa conversa ele me falou de como havia podido progredir na sua especialização fazendo experiências em anciãos na Venezuela, pois nos EUA eram proibidas. Fiquei chocado e decidi nunca mais ter contato.

Fiquei surpreso quando um membro da sua família me informou que havia morrido com apenas 64 anos de idade. Como assim? Sempre foi uma pessoa que cuidou da sua saúde e tinha excelente forma física. Mas, quando abri seu obituário entendi. Ele havia sido processado duas vezes por assédio sexual no seu hospital. Foi flagrado por uso de cocaína e tinha perdido sua licença para praticar medicina. Além do mais, seu hospital estava falido e devia milhões de dólares quando de repente teve um enfarte fulminante, deixando sua família humilhada e endividada.

Seu anseio por riquezas havia o corrompido e o fim da sua história mostra o quanto essas riquezas, tão almejadas, acabaram sendo o seu fim e o caminho para outras formas de corrupção.

Estou triste hoje, e nem entendo bem o porquê. Talvez seja o peso que me sobrevém de vez em quando, ao contemplar a natureza humana, o pendor da carne e o destino dos que não servem a Deus de todo coração. Talvez seja pela perda de uma imagem boa de alguém que foi meu amigo quando era apenas um adolescente. Não sei.

Mas uma coisa sei. Paulo foi de uma lucidez cirúrgica na sua carta a Timóteo. O amor ao dinheiro nos leva a ruína. E no fim, o próprio dinheiro, que amamos, se volta contra nós e se torna o nosso algoz. Pois ele disse: Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e atormentaram a si mesmos com muitas dores.

WM

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