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Professores desorganizados | Por Gabriel Carvalho

Indisciplina é palavra proibida em sala de aula. Todo mestre em bom juízo preza por uma classe ordeira e atenta ao que está sendo ensinado. É certo que muito do tempo gasto no aprendizado hoje é investido em correção de comportamento e construção de uma vida regrada e disciplinada nos alunos. Mas você já parou para se perguntar se os próprios professores são pessoalmente disciplinados?
Uma rotina puxada como a do professor exige um rígido controle de horários em seu cotidiano pessoal e profissional. Dar menos importância a um planejamento semanal de atividades em prol das atividades mais diretas da profissão, como correção de provas e preparação de aulas, por exemplo, acaba sendo uma prioridade ilusória no calendário. Uma frase que circula a internet há anos e é atribuída a Abraham Lincoln diz: “Se eu tivesse 8 horas para derrubar uma árvore, passaria seis delas afiando o meu machado”. Essa lógica é contracultural.
Em nossa sociedade freneticamente capitalista, funcionamos por produtividade. Resultados são nosso currículo vivo, palpável e objetivo daquilo que as pessoas valorizam em nós. Por conta disso, aqueles envolvidos no magistério acabam perdendo vida e saúde a fim de colocarem todas as suas atividades e responsabilidades em dia, demorando horas para realizar tarefas que poderiam ser feitas em muito menos tempo.
A disciplina pessoal do educador não é uma opção. É vital. Um professor indisciplinado pode até ser dedicado, mas não conseguirá suportar toda uma carreira no magistério nesse ritmo. Sendo assim, empenhar-se em prol de uma disciplina e organização pessoal são questões urgentes e importantes. Não dá mais para adiar (principalmente você, leitor que procrastina) um autoexame em prol de uma rotina mais organizada.
O reflexo do professor disciplinado pode ser visto no trato com seus alunos; na firmeza e certeza de seu conhecimento do assunto; na tranquilidade de ter suas atividades em dia; e, principalmente, no exemplo que passa a seus alunos. Já fui aluno. Em poucos instantes percebia se o professor era organizado (e consequentemente confiante repassando confiança), ou se era perdido, enrolado, indisciplinado com suas questões pessoais. Não preciso nem dizer qual tipo de mestre me influenciava positivamente.
O magistério é uma vocação essencialmente disciplinadora. Só que estamos acostumados a aplicar tal disciplina apenas a nossos queridos aprendizes, quando muitas das vezes precisamos parar nossa maluca rotina, deixar os testes e trabalhos um pouco de lado e repensar: o que eu posso fazer melhor? Como posso me organizar? Isso é amor próprio, amor aos seus alunos, e amor à sua vocação. Deus abençoe a sua vida!

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