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O pão que sustenta e o pão da vida

Por Walter McAlister

Ao redor do mundo há pessoas que vivem sem saber se terão o suficiente para comer. Multidões acordam com fome. Diariamente crianças morrem de fome nos países mais pobres. Quando falamos de provisão divina, não é algo a ser levado de modo leviano. O fato de ter o que comer e o que vestir é razão de profunda gratidão.

Jesus nos ensinou a valorizar esse fato. Sempre pedimos o sustento de Deus para as nossas vidas com essa simples frase. Aqui há uma confissão de dependência de que muitos se esquecem. Não fosse a misericórdia de Deus, seríamos facilmente destruídos. A pessoa que se esquece desse fato vira suas costas para Deus. A Bíblia está cheia de avisos para aqueles que depositam a confiança nas suas riquezas. Paulo chegou a instruir o seu discípulo Timóteo na instrução aos ricos:

Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação.

Nos ditados de Agur, ele diz:

Duas coisas peço que me dês antes que eu morra: Mantém longe de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Se não, tendo demais, eu te negaria e te deixaria, e diria: ‘Quem é o Senhor?’ Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus.

O pedido pelo pão de cada dia, portanto, é mais do que apenas um pedido por sustento. É um prumo que nos mantém com nossa esperança e confiança em Deus somente.

Mas há outro lado da provisão divina. Sabemos que Deus nos quer bem e que Ele proverá. Porém, para sermos prósperos, para Deus prover, há regras. Como o pescador não espera do mar que simplesmente lance peixes na sua direção, ele aprende a pescar. Assim como o lavrador sabe que a terra produz bons frutos, desde que ele a trabalhe, semeando. Assim também, na economia de Deus, há uma relação entre provisão e generosidade. Deus não abençoa o pão-duro. Deus não abençoa quem está de mão fechada. Tito disse: “Quanto aos nossos, que aprendam a dedicar-se à prática de boas obras, a fim de que supram as necessidades diárias e não sejam improdutivos”. Quem pega, guarda e esconde se torna infrutífero nas boas obras que nascem da fé em Cristo. O Nosso Senhor falou claramente: “Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês”. Quando pedimos, podemos ter certeza de que Deus nos ouvirá. Mas a medida da sua generosidade conosco é ligada à medida com que somos generosos com os outros, com a obra de Deus e com os necessitados, especialmente os da família de fé.

Mas há outro sentido nesse pedido. Algo ainda mais importante está sendo pedido aqui. Ao ser tentado no deserto, Jesus respondeu à provocação que Satanás lhe fez, de transformar pedras em pães, com: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’”.

Veja que Jesus procede do Pai e é a “Palavra Viva”. E mais, Ele mesmo se identificou, não somente foi identificado como a Palavra, mas como o pão vivo, o pão verdadeiro que desceu do céu. Ele disse: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”. Isso quer dizer que, mais do que o pão que comemos e que sustenta o nosso corpo mortal, precisamos mais de Cristo em nossas vidas. Pois o que vale ter fartura se a nossa alma está faminta? O salmista disse que, assim como a corça tem sede pelas águas, nossa alma tem necessidade do Deus vivo. De fato, a nossa alma tem sede e fome de Deus. Prestamos pouca atenção à alma. Frequentemente identificamos essa necessidade como uma inquietação qualquer, estresse ou tédio. Mas a verdade é que, quer reconheçamos ou não, temos uma necessidade da presença vital de Cristo em nossas vidas, diariamente.

Ao pedir o pão de cada dia, estamos pedindo sustento. Estamos pedindo aquilo que é necessário para a vida neste mundo. Estamos pedindo até saúde, por meio da cura divina – que Jesus chamou o “pão dos filhos”. Mas, antes de qualquer outra coisa, estamos pedindo uma comunhão transformadora. Literalmente, estamos pedindo a presença de Deus em nós. Ele prometeu que, se lhe abríssemos a porta, Ele entraria e cearia conosco.

A alma sedenta não se contenta com eventos, informações ou companhias humanas. São todas benéficas até certo ponto. É claro que fartura é agradável e conforto é desejável. Mais do que todas essas coisas, porém, a presença do Senhor é mais preciosa e vital para a nossa vida. O que adianta ganhar o mundo e perder a própria alma, que tem sede do Deus vivo?

Mas como é isto? Ser cheio de Deus, como é? Ah, só quem já saboreou é que sabe. No dia em que me ajoelhei e me rendi a Cristo, Ele encheu meu coração de uma paz e de uma certeza do seu amor por mim que me comoveram de tal maneira que seria impossível descrever. Voltar a esse momento de comunhão é o alvo da alma redimida. Muitos se contentam em lembrar apenas. Muitos acham que essas coisas fazem parte da iniciação cristã somente. Mas Paulo foi claro: “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito…”.

É na pessoa do Espírito Santo que Jesus se faz presente em nossas vidas. Cristo é o pão de cada dia, nosso pão, o pão que revigora a  alma. Se nos deixarmos ser cheios diariamente por Ele, nossa alma viverá. Ao pedir o pão, portanto, nos lembramos da nossa dependência de Deus pelo sustento físico diário. Mas nos lembramos, prioritariamente, da nossa dependência da sua divina presença no nosso íntimo.

Trecho do livro “O Pai Nosso”, de Walter McAlister. O presidente da Anno Domini e bispo-primaz da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida faz uma análise profunda do modelo de oração de Jesus Cristo. Saiba mais

 

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