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Inspiração

inspiracaoO que escrevemos é bem melhor do que quem somos. Fernando Pessoa, relatando sobre a experiência da inspiração, disse: “Às vezes tenho ideias felizes, ideias subitamente felizes… Depois de escrever, leio… Por que escrevi isso? Onde fui buscar isso? De onde me veio isso? Isso é melhor do que eu…” Pessoalmente, acredito que a inspiração talvez seja mais profética do que supomos ou possamos entender. Pablo Picasso a explicou assim: “Eu não procuro. Eu encontro…” Inspiração é algo que se acha pelo caminho, que se encontra, que vem em nossa direção, o lado divino das nossas intuições. Talvez, o próprio Deus cruzando as nossas estradas empoeiradas, chamando atenção para Si.

Qualquer um gostaria de viver num estado de inspiração permanente, todo tempo gerando suspiros em todos e criando algo melhor do que si mesmo. Quem não gostaria de superar-se todo dia?! Quem não gostaria de ser um gerador de beleza; um transformador de desertos; um apaziguador; um “senhor das tintas”, para derramar um pouco de cor nesse imenso universo cinzento, que é a vida da maioria?! Mas, infelizmente não é assim. Há dias em que pensar é como uma brincadeira de roda: a cabeça gira em torno de frases decoradas, gastas… E qual é a graça de dizer o que todos já sabem? Mas, até na repetição tenho encontrado alguma inspiração.

Há coisas antigas que merecem ser ditas constantemente. Tenho aprendido que originalidade não é algo que se encontra apenas no “novo”, mas também no “esquecido”. Assim, o esquecido pode ser uma grande fonte de inspiração. Assuntos como: silêncio, oração, leitura da Bíblia, meditação e contemplação (o que Jesus chamou de “coisas velhas” que um pai de família tira de um baú), podem se tornar originais porque simplesmente foram esquecidas por muitas gerações.

Vivemos um cristianismo exteriorizado e cheio de clichês. Talvez seja por causa disso que há tanta gente doente da alma entre nós, porque os fundamentos da vida interior foram cruelmente demolidos. Em algum momento a prosperidade superou a devoção. Agora, está mandando a conta: uma multidão de cristãos ansiosos, movidos a diazepam, rivotril, lexotan, que continuam desejando aquilo que Jesus ensinou a sacrificar; e uma Igreja que não faz falta, que não influencia, que não transforma. Mas, ainda há esperança! Ainda resta um descanso para o povo de Deus! “Por que estás abatida ó minha alma, espera em Deus pois ainda o louvarei.”

Devoção foi o caminho apontado pelo salmista para vencer o abatimento da alma. De-vo-ção. Você não sabe o que é isto? Nunca ouviu do púlpito da sua igreja esta palavra? Não fico surpreso. Os dias de hoje são difíceis! Mas, quem sabe haja alguém de prontidão que esteja a ler este meu despretencioso artigo, esta minúscula gota de inspiração, e queira juntar-se a mim numa campanha pacífica, quase silenciosa, por um cristianismo mais piedoso? Quem sabe não há outro, ou quiçá outros, que já se cansaram dos “ô glórias”, “abençoados”, “filhos do rei” e querem conhecer o legítimo Evangelho, porque este que está aí é propaganda enganosa.

Com amor e carinho,

Pr. Weber

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