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ESPIRITUALIDADE CRÍSTICA

ancora-cruzNuma estrada, ao se sentir perdido, a primeira decisão a ser tomada é procurar pelo retorno. Quanto mais tentar evoluir pelo caminho errado, mais se distancia do destino e mais perdido se sente.

Tenho a impressão de que estamos vivendo uma situação bastante semelhante no plano da fé cristã. As paisagens que estamos contemplando pelo caminho não lembram nada o Reino de Deus; aliás, sinalizam exatamente o contrário: que o Reino ficou perdido em algum lugar da nossa trajetória, lá atrás. E, se não tivermos a coragem de voltar, de pegar o retorno, temo que as paisagens passem a ficar mais e mais sombrias.

Não tenho o menor prazer nisso, mas, deixe-me mostrar-lhe as paisagens que estamos vendo: padres pedófilos envergonham a igreja católica e põem em dúvida a ética dos bispos pela maneira que trataram dessa chaga; em show evangélico, cantora famosa personifica no palco o que ficou conhecido como a “unção do leão”; pastor evangélico pede o “trízimo” pela televisão; líderes evangélicos voam para o Canadá, até Toronto, para receberem a TORONTO BLESSING (bênção de Toronto) e caem ao chão em gargalhadas desenfreadas, imitando sons de alguns animais; pastores de diferentes denominações aceitam passagens aéreas e hospedagem em hotel cinco estrelas no Uruguai, cortesia do Rev. Moon, líder de uma seita que faz aberta oposição ao Evangelho. Definitivamente, estes não são os sinais do Reino. Antes, são indicativos de que estamos trafegando fora do itinerário divino e de que precisamos voltar, antes que seja tarde demais.

O retorno passa pela simplicidade do cultivo de uma espiritualidade crística, modelada pelo exemplo de Cristo. E aqui, é sábio aprender a separar o cultural do espiritual. É óbvio que Jesus não tinha um blog, mas isto é uma manifestação cultural e não espiritual. Refiro-me à prática da devocionalidade: do orar; meditar nas Escrituras; buscar solitude… Refiro-me ao comportamento público equilibrado de Jesus, lançando na conta do cultivo das virtudes e dos exercícios espirituais, os depósitos de uma espiritualidade sadia.

Essa proposta não privilegia os caminhos do poder, da fama e da notoriedade. É uma proposta ao anonimato, ao silêncio, a uma vida sem visibilidade ou publicidade. Não foi Jesus quem disse que o Reino de Deus está dentro de nós? Não foi Ele quem declarou que o Reino não viria com visível aparência; e quem não se fizesse como uma criança não poderia entrar nele? Esta é uma parte do Evangelho que não encanta, pois fala de um Reino que jamais poderia ser nosso e de um trono que não foi preparado para que nós sentássemos nele.

A espiritualidade crística, a que traz Jesus para o centro, a que considera que tudo foi feito por intermédio dEle e para Ele, é o retorno. Penso que se resistirmosvoltar ao início de tudo (como dizia o poeta), as consequências serão bem piores do que as que temos constatado por nossa própria experiência. E as anomalias monstruosas que acabaremos por colocar no lugar de uma espiritualidade cristocêntrica, trarão as marcas doentias da natureza humana decaída. Pior, aprenderemos a chamar isto de Cristianismo, e o subproduto dessa fé, de igreja. Que Deus nos guarde de tamanha desgraça e desperte seus santos espalhados pela cidade.

Solus Christus!

Com amor e carinho,

Pr. Weber

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