Início / Artigos / Em defesa do Natal

Em defesa do Natal

Recentemente tive de ir a um shopping center próximo de minha casa para resolver uma questão. Era por volta de meio-dia e já havia multidões transitando pelos corredores daquele “templo de consumo”. Eu estava distraído e, por isso, não me ocorreu, de imediato, o que estava acontecendo. Subitamente, me dei conta de que estamos no auge do período pré-natalino. Passei por uma estrutura imensa, cheia de luzes e bichinhos de pelúcia. Vi muitas pessoas vestidas de vermelho e branco e, no meio delas, um homem enorme com uma barba branca. A figura é conhecida: o “Papai Noel”. Todos se preparavam para um dia cheio de fotos com as crianças.

Pessoas passavam por mim com as mãos cheias de sacolas. Algumas já estavam cansadas. Outras pareciam realmente contentes, pois tinham conseguido cumprir sua obrigação para com as crianças e os parentes, muitos dos quais estarão na festa natalina da família. “Será que o primo vai comparecer? Também temos de comprar algo para ele”. É a preocupação de muitos – não deixar ninguém de fora, para não fazer feio.

Todo ano surgem as mesmas discussões. As revistas seculares fazem uma reportagem sobre o Jesus histórico. Será que ele realmente existiu? Vão aproveitar a época para fazer aquelas ponderações tão insólitas e repetitivas. Enquanto Hollywood lança uma enxurrada de novos filmes para as crianças, celebrando e lembrando o “espírito do Natal”, nós – os cidadãos deste país tropical – decoramos casas e lojas com imagens de neve, trenós e um homem corpulento e barbudo, vestido de modo adequado para os cantos congelados do hemisfério norte.

Como blogueiro e líder cristão, sou repetidamente interpelado sobre a legitimidade da celebração do Natal. Acontece todo ano. Cristãos citam o fato de a árvore ser um símbolo de uma seita pagã europeia. Lembram que, como cristãos, temos de enfatizar Cristo como a razão do Natal, se bem que ele provavelmente nasceu em agosto. Então, alguns mais estudiosos lembram que a Igreja cooptou a celebração do Sol Invictus, substituindo-a com a celebração do nascimento de Jesus. Alguns até me lembram que Papai Noel, historicamente, se vestia de marrom e só passou a usar vermelho e branco quando a Coca-Cola lançou uma campanha, na primeira metade do século passado, com as cores da sua logomarca.

O ex-presidente John Kennedy disse algo que cabe lembrar: “Queremos que as coisas sejam sempre iguais, mas a História não permite”. O que passou, passou. Não há como reescrever a História da Igreja. Natal virou isso e é assim que vai ser lembrado pela maioria.

O que podemos fazer é uma celebração natalina a mais cristã possível. Digo “possível” porque o circo pegou fogo mesmo e temos de achar uma saída para esta confusão, se é que realmente queremos honrar Deus no meio desta que se tornou uma festa cristo-pagã.

Na minha casa não pomos uma árvore. A verdade é que a decoramos com a coleção de presépios que minha esposa vem juntando há anos. Não trocamos mais presentes (pelo menos não durante o Natal). Temos nos afastado do que praticávamos no passado. Sim, já fiz muitos natais com uma enorme árvore no meio da minha sala, cercada de presentes. Mas Natal se tornou algo mais devocional e precioso para mim e para a minha família.

Na véspera do Natal, nós nos reunimos. A alegria do Senhor enche os nossos corações por estarmos juntos. Após a troca de abraços e palavras de carinho, sentamos. Cantamos hinos de Natal. Não cantamos Toca o sino pequenino, mas canções que a nossa igreja procura trazer de volta ao culto durante o período do Advento (os quatro domingos que antecedem o dia do Natal). Cantamos Noite de Paz; Ó, Vinde, Fiéis e tantos outros que o mundo tirou da Igreja e que tocam no sistema de som do shopping local sem que ninguém saiba do que se trata.

Então, após o nosso louvor, lemos uma das passagens bíblicas que relatam o nascimento do Nosso Senhor. Falamos, cada um, da nossa gratidão a Deus e oramos. É um momento de profunda comoção. É precioso. Depois nos sentamos à mesa e ceamos.

“E as crianças?” Alguém pode até protestar. “Será que elas não “merecem” um Natal de verdade?”.

A resposta é “sim, exatamente”. Quanto mais cedo aprenderem a comemorar o Natal como cristãos, mais cedo aprenderão a não viver como vassalos deste mercado de consumo, a valorizar essa celebração pelo que deveria ser – um período de devoção, gratidão e evangelismo. Dou graças a Deus por meu filho John e a sua esposa, Raquel, que não deixarão meu neto, João Felipe, crescer com a cabeça confundida pela mistura avassaladora da fé em Deus com a fé no consumo.

Não repudio o Natal. Pelo contrário, é uma festa preciosa, que celebramos com amor a Deus e profunda gratidão pelo Salvador, Emanuel – Deus conosco.

Feliz Natal,

+W

Leia também

leia+6

A leitura inspecional Parte 3 | por Gabriel Carvalho

Dando sequência à nossa série de textos “Leia mais e melhor”, finalizaremos neste texto as …

  • Gostaria de saber como faço pra deixar de receber os posts por e-mail.
    Agradeço

    • Olá Patrícia,

      Na página inicial, à direita, há uma caixa chamada “Assinatura” onde você poderá se inscrever para receber as notificações via email.

      Em Cristo,

      Gerência do site

  • Não precisamos aceitar essa festa chamada natal, para lembrarmos do nascimento de Cristo. Na escritura não existe nenhuma ordenaça para se observar o dia do nascimento de Cristo. O nascimento de Cristo é de muita importancia para a igreja, mas não precisamos fazer uma festa em uma dia especifico, precisamos sim conhecer a importancia desse nascimento e viver esse evangelho maravilhoso.

  • Obrigado pelas palavra que edificam.

  • Desculpa, é que a pergunta é: como faço pra deixar de receber. eu já recebia.
    Obrigada

    • Por favor perdoe o erro.

      Nos emails que você recebe deve haver algum link para cancelar a assinatura. Tentei achar seu email para cancelar a inscrição, mas não encontrei. Qualquer dúvida, favor entrar em contato.

      Em Cristo,

      Administrador

  • Graças a Deus por esse posicionamento. Penso da mesma forma.
    Poderia fazer um Podcast sobre esse tema.
    Em Cristo,

  • Não comemoro o Natal. Só a pouco tempo já adulta descobri a origem pagã desta data.Não comemoramos mais aqui em casa e procuramos nos lembrar do Senhor e sua missão para nos salvar todos os dias. Iremos ensinar as crianças da minha família a verdade sobre a vinda, morte e ressurreição de Jesus, o Filho do Deus vivo, o Ungido do Eterno.
    Glória a Deus nas alturas, paz na terra aos homens de boa vontade!!

    amém

    Fabiana

  • Se o Senhor realmente desejasse que nós, seus redimidos, pelo sangue de seu Filho Jesus Cristo, celebrassemos o natal ele teria deixado em sua Escritura alguma orientação, se entre os cristãos que são guiados pelo Espírito Santo não há uma unidade acerca deste tema, podemo tomar como referencia os textos de 1°Coríntios 10:23 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. 1 Coríntios 6:12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.
    E não sermos instrumento de escandalo Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Mateus 18:7