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Dias nublados

ceu-nubladoHá dias que as palavras saltam e juntam-se umas às outras para encenar um balé entrecortado de poesia e inspiração; há outros que elas precisam ser arrancadas à força e jogadas no papel num árduo exercício de disciplina, quase militar. Nessas ocasiões, penso nos profissionais da escrita, nos que precisam compor seu texto a qualquer custo, mesmo que ele transpareça a sua secura e evidencie a obrigação profissional ao invés da relevância. Graças a Deus que não tenho a obrigação de dizer algo novo todo dia! Tenho a liberdade de repetir; de lançar mão do velho e encardido tema; de não ter que informar coisa alguma; e se me der na telha, escrever só pra mim.

Aprendi que nos dias em que preciso usar um tipo de fórceps linguístico para tentar comunicar algo, são dias que preciso ouvir. Eu não sei se há alguma base científica para isto, mas é como se o meu cérebro quisesse compensar a necessidade de ser sempre original com uma certa preguiça, só pra me fazer ficar quieto pra interiorizar a Suprema Palavra, a de Deus. Nessas ocasiões, leio mais e nunca deixo de ser surpreendido. Comparo esta atividade a de furar poços no deserto. Quando encontro água fresca logo depois das primeiras pás de areia, é uma alegria só; mas, por vezes cavo o dia inteiro só para encontrar a porção da sobrevivência.

Se estiver vivendo um dia desses: sem inspiração, sem ânimo, sem vontade de fazer nada… Então é dia pra ouvir e não pra falar; é dia de escolher com mais critério o que se vai ler; é dia para aprender e não para ensinar; é dia de desacelerar e repousar.

Com amor e carinho,

Pr. Weber

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