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Blá, bla, bla…

locutorVocê já teve o desprazer de tentar conversar com alguém que durante o suposto diálogo não lhe oferecia oportunidade de expressar suas ideias? Alguém que supostamente tem muito a lhe dizer, mas que você nada lhe tem a acrescentar? Alguém de comportamento irritante, que fala com energia verbal e gestual mas que o interrompe antes de você poder concluir um pensamento? Que exige atenção, mas quando chega o seu momento de falar, brinca com o cachorro, distrai-se com o vaso de planta ou simplesmente muda de assunto? Esta é uma experiência terrível! Espero que você não seja assim.

Por vezes já tentei fazer uma avaliação deste tipo de comportamento dado aos discursos, refratário a qualquer outra opinião, resistente a ouvir, distraído e de tal forma expressivo, que sempre está às voltas com dificuldades geradas pelas coisas que diz. Na enorme possibilidade de ter chegado a conclusões erradas, eu prefiro não comentá-las. Mas, a multiplicação de pessoas com esta forte necessidade de falar sem ouvir, me tem preocupado. Mesmo porque a fé cristã não é uma fé de discurso, mas de exercício prático das crenças. E se isto não for seriamente considerado, corremos o risco de nos tornar totalmente irrelevantes.

O maior ônus da irrelevância é o descrédito. Quem minimamente esclarecido e equilibrado ouvirá quem fala de oração mas não ora; de integridade, mas cujo o caráter inspira dúvidas; de verdade, mas que vive às voltas com mentiras; de transparência, mas que vive nas sombras? Este é o grande perigo que ameaça a Igreja, desaparecer em virtude do descrédito e da irrelevância, como consequência de privilegiar quem fala demais e vive de menos.

Jesus já dizia dos representantes do judaísmo do seu tempo, aconselhando ao povo que obedecesse aos ensinos dos fariseus, mas que andasse longe das suas práticas. Esta incoerência manda a conta para as gerações seguintes. Assim, pense bem antes de mergulhar num blá, blá, blá religioso sem fim, que jamais é traduzido em ação.

Ouça mais. Fale menos. E se tiver um comportamento como descrevi no início, mude. Pois, você corre o risco de encontrar alguém como eu, que quando hoje se depara com gente assim, empresta o ouvido aos seus discursos mas não o cérebro. Alguém que já aprendeu que o silêncio é a maneira mais eficaz de descartar bobagens.

Respeitosamente,

Pr. Weber

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