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A suprema luta

ovelhas-merinosSerá sempre bem mais fácil escrever sobre oração do que disciplinadamente implementar uma prática devocional diária e regular. Todos os cristãos comprometidos com a fé que conheço, lutam para vencer suas agendas, que gritam para eles como crianças mimadas pedindo atenção exclusiva. Em conversas informais com alguns destes cidadãos do Reino dos Céus, todos confessaram-me que as dimensões terrenais continuam a ser o grande obstáculo a ser vencido para a construção de uma espiritualidade, emoldurada pela piedade gerada nas devoções cristãs. Fato curioso, é que a maioria sente-se atraída a ler o que encontra sobre o tema. O testemunho unânime de todos recai sobre o estímulo renovado, deixado por este ou aquele texto, escrito por este ou aquele autor. Mas, depois de algum tempo, tudo volta a ser como antes. Respeito muito estes heróis da pós-modernidade, que insistem em resgatar o que a cultura luta para sepultar!

Orar como ato regular e disciplinado é atividade contracultural. O mundo e a vida não estão configurados à propiciarem o desenvolvimento das práticas devocionais. Tenho aprendido que, quanto mais aprendo sobre as armadilhas da presente era, melhor me saio na luta contra os grandes entraves à piedade. Assim, um olhar crítico sobre o fluxo do pensamento popular e acadêmico, tem me ajudado a escolher melhor as vias por onde transito em busca de uma espiritualidade mais coerente com a tradição escriturística (ou dos apóstolos e profetas). Com isso, reajo quando sou tentado a ceder espaço ao ativismo (como sofro com isso!); à teologia de resultados; à compreensão institucional de sucesso; e à outras propostas que tendem a me afastar do silêncio e do encontro secreto. Devo confessar, que como qualquer um, saio derrotado de algumas batalhas. Mas, com o tempo, tenho observado que as vitórias tendem a ser mais frequentes, quando me ponho alerta contra os descaminhos do pensamento religioso popular.

Definitivamente, Deus nos quer ver movendo-se nEle, por Ele e para Ele. Pode parecer frase feita, mas é a pura verdade. Nesse sentido, a oração não deve ser vista como uma alternativa de última hora, mas uma importante prática preventiva às reações mais perigosas e às nossas tendências a fabricar desgraças. Quem poderia negar que somos extremamente hábeis nessas duas tarefas? Entretanto, estar com Deus nos torna alguém mais centrado nEle, mais absorvido por Ele; nossa tendência de dominar é aplacada; e o desejo de possuir, inteiramente eliminado. Assim, tornamo-nos em seres humanos que nada tem a defender, a reclamar, a reivindicar. Lembramo-nos que “Bem-aventurados são os pobres de espírito…”.

Finalmente, a oração nos leva ao objetivo máximo: trazer contentamento (piedade e contentamento são irmãs siamesas, uma não sobrevive independentemente da outra). A vida cristã só passa a fazer sentido quando os olhos se fecham, e com um enorme esforço e sacrifício, passamos a enxergar o que não conseguimos com os olhos abertos. Deus passa a ser o grande bem, o grande objetivo, e lentamente vai se revelando como o único. Assim, vamos perdendo a força para lutar por direitos e conquistar respeito, admiração ou qualquer outra coisa. Deste modo, oração que não nos cega para o brilho sedutor das características deste mundo mau, é pura auto-sabotagem.

Oremos: Pai nosso…

Enquanto estivermos em busca do Pai, nessa trilha da espiritualidade serena e consciente, manteremos o curso.

Com amor e carinho

Pr. Weber

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