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Aqui jaz o construtivismo | Por Gabriel Carvalho

Recentemente, a Review of Educational Research, premiada revista acadêmica internacional, publicou um trabalho de quatro pesquisadores da Universidade de Oregon, que concluem que os alunos aprendem mais quando o ensino é sistemático, e quando o professor é o comandante do processo de aprendizagem, em vez dos alunos direcionarem o curso e dinâmica das aulas, como defende as modernas teorias de aprendizagem, como o construtivismo, por exemplo.1

 

Essa revista está em primeiro lugar no ranking de impacto do Scimago Journal Ranking, indicador internacional que mede a qualidade dos estudos científicos publicados. Além disso, o presente trabalho é fruto da análise de 328 estudos publicados durante o período de 50 anos (entre 1966 e 2016), sobre os diferentes métodos de aprendizagem, focando em até quatro mil efeitos diferentes. No processo de pesquisa, eles descobriram que a instrução direta possui resultados mais robustos, uma vez que os alunos aprendem mais e com rapidez.

 

Apesar das inúmeras justificativas científicas, que podem ser conferidas no próprio trabalho acadêmico mencionado, é importante tecermos alguns comentários a respeito do construtivismo e as modernas teorias de aprendizagem, em contraste com uma cosmovisão cristã. Em primeiro lugar, seria imprudente demonizar a totalidade de tais visões a respeito da educação. É certo que o ímpeto de independência e autonomia que essas teorias trazem, de alguma forma influenciou positivamente o processo de aprendizagem, antes muito rígido e unidirecional. A maior participação em sala por parte dos alunos é um bom avanço. O problema não está na autonomia em si, mas em torná-la como o alicerce da visão educacional.

 

Pensar em educação tendo o aluno como ponto de partida, como o “epicentro” do conhecimento, acaba se chocando, logo à primeira vista, com duas noções muito importantes dentro do modo de pensar cristão: o pecado e a autoridade. Do ponto de vista bíblico, a fonte do conhecimento é o próprio Deus – dele vem todo o conhecimento, ele é o verdadeiro “construtor” de conhecimento. Além disso, o ser humano está mergulhado irremediavelmente no pecado, não sendo capaz, por si só, de produzir tal proeza (até mesmo a Graça comum é uma dádiva que vem de Deus).

 

O pecado afetou a integralidade do ser humano. Sendo assim, o cristão concebe que tudo o que a humanidade “constrói”, se não for mediado pela graça divina, será algo ruim e destrutivo. Aliás, em última análise, será que é possível alguém “morto” produzir algo? O construtivismo parte da premissa que o ser humano é bom em essência, e que pode produzir boas coisas, pautado em sua capacidade e destreza. Tal visão é diametralmente oposta à visão de mundo cristã.

 

Em segundo lugar, a noção de autoridade é esfacelada. Bem sutilmente, é verdade. Mas a sutileza é o veneno mais mortal. Toda a empreitada anti-autoridade imposta à sociedade no século XX ganha reforço com o crescimento irrefletido do construtivismo como forma de aprendizagem. O professor ganha importância flácida em sala de aula, tendo até mesmo sua função trocada para a depressiva alcunha “facilitador”. A figura de autoridade em sala vai se derretendo aos poucos. Muitos veem absurdos na televisão, alunos agredindo professores, mestres sendo tratados de forma desumana, e se perguntam: “como viemos parar nesse ponto?”. É injusto creditar tudo ao construtivismo, mas este pode ser apontado como um dos catalisadores da atual situação caótica em sala de aula.

 

Se o argumento da cosmovisão cristã não era suficiente, eis as provas científicas. O que a visão de mundo já apregoava há tempos agora é confirmada pela ciência. Cientes da contribuição de tais teorias para uma maior interação em aula por parte dos alunos, que possamos focar na valorização e capacidade de nossos mestres, a fim de que a experiência de aprendizado seja mais eficaz, e que grandes princípios, como a autoridade, ou grandes realidades, como o pecado, estejam bem posicionadas e presentes na mente dos aprendizes, a fim de que o conhecimento flua pelas classes, como um caudaloso rio, guiado por Deus, o grande construtor do conhecimento. Deus o abençoe!

1) Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/estudo-reforca-evidencia-de-que-a-instrucao-direta-e-mais-eficaz-que-o-construtivismo/ , acesso em 02/08/2019.

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